25 Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito.
Gálatas 5.25
10 Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé.
Gálatas 6.10
Compartilhando generosamente
Em Gálatas 6.6 Paulo muda um pouco o foco: "Mas aquele que está sendo instruído na palavra compartilhe todas as coisas boas com aquele que o instrui". A atenção do apóstolo se volta agora para a nossa responsabilidade de partilhar "todas as coisas boas" com aqueles que nos instruem. Ou seja, uma igreja deve ajudar financeiramente aqueles que ensinam. Essa ajuda pode incluir alimentação, dinheiro, ou qualquer outro bem apropriado para o bem-estar daquele que ensina. Paulo, às vezes, tomou para si a responsabilidade de seu sustento a fim de não ser um fardo para a igreja, mas outras vezes aceitou ajuda. Vejamos o que ele escreveu em Filipenses 4.10-20:
“Fiquei muito alegre no Senhor porque, agora, uma vez mais, renasceu o cuidado que vocês têm por mim. Na verdade, vocês já tinham esse cuidado antes, só que lhes faltava oportunidade. 11 Digo isto, não porque esteja necessitado, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. 12 Sei o que é passar necessidade e sei também o que é ter em abundância; aprendi o segredo de toda e qualquer circunstância, tanto de estar alimentado como de ter fome, tanto de ter em abundância como de passar necessidade. 13 Tudo posso naquele que me fortalece. 14 No entanto, vocês fizeram bem, associando-se comigo nas aflições. 15 E como vocês, filipenses, sabem muito bem, no início da pregação do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja se associou comigo nessa questão de dar e receber, exceto vocês, somente. 16 Porque até quando eu estava em Tessalônica, por mais de uma vez vocês mandaram o bastante para as minhas necessidades. 17 Não que eu esteja pedindo ajuda, pois o que realmente me interessa é o fruto que aumente o crédito na conta de vocês. 18 Recebi tudo e tenho até de sobra. Estou suprido, desde que Epafrodito me entregou o que vocês me mandaram, que é uma oferta de aroma agradável, um sacrifício que Deus aceita e que lhe agrada. 19 E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, tudo aquilo de que vocês precisam. 20 A nosso Deus e Pai seja a glória para todo o sempre. Amém!”
Em 2Co 11.8 Paulo registrou: “Tirei de outras igrejas, recebendo salário, para poder servir a vocês”. Mas o princípio é que é bom e correto que a igreja venha a prover aos ministros da Palavra. Vejamos o que Paulo escreveu em 1Co 9.11-14:
“Se nós semeamos entre vocês as coisas espirituais, será muito recolhermos de vocês bens materiais? 12 Se outros participam desse direito sobre vocês, não o temos nós em maior medida? Entretanto, não fizemos uso desse direito. Pelo contrário, suportamos tudo, para não criarmos qualquer obstáculo ao evangelho de Cristo. 13 Vocês não sabem que os que prestam serviços sagrados se alimentam do próprio templo e que os que servem ao altar participam do que é oferecido sobre o altar? 14 Assim também o Senhor ordenou aos que pregam o evangelho que vivam do evangelho.”
Paulo também orientou Timóteo (1Tm 5.17-18): “Devem ser considerados merecedores de pagamento em dobro os presbíteros que presidem bem, especialmente os que se esforçam na pregação da palavra e no ensino. 18 Pois a Escritura declara: ‘Não amordace o boi quando ele pisa o trigo.’ E, ainda: ‘O trabalhador é digno do seu salário.’”.
Tim Keller diz que "nós não podemos ser meros consumidores, que vão à igreja para acumular benefícios sem dar nada significativo em troca". Muitas vezes, porém, ocorre justamente o contrário: alguns irmãos parecem agir como meros consumidores, tomados de egoísmo e avareza, enquanto outros se esforçam por atender as necessidades da igreja.
Mas a preocupação principal de Paulo não é o dinheiro: é o avanço do evangelho, e ele sabe que o meio designado por Deus para cumprir essa missão é a proclamação da Palavra por mestres fiéis. A tarefa seria muito mais difícil para esses mestres se tivessem de, por conta própria, cuidar de suas necessidades diárias. Assim, quando uma igreja cuida das necessidades de seus mestres, é como se ela dissesse: "Queremos que a Palavra de Deus seja pregada fiel e efetivamente, então iremos prover o necessário".
Cuidar bem implica cuidar daqueles que ensinam, e não fazermos isso por ser meramente uma "tradição", mas por amarmos a Palavra de Deus e querermos vê-la chegar até os confins da terra. Nesse sentido, eu louvo a Deus por todos aqueles irmãos que têm investido nesse projeto de igreja saudável adotado pela Igreja do Caminho, onde a pregação do evangelho deve ter lugar central.
Santidade pessoal
Além disso, uma comunidade cheia do Espírito Santo busca a santidade — isto é, se parecer com Jesus: "Não se enganem: de Deus não se zomba. Pois aquilo que a pessoa semear, isso também colherá. 8 Quem semeia para a sua própria carne, da carne colherá corrupção; mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá vida eterna" (Gl 6.7-8).
A vida pessoal impacta diretamente a vida relacional. Portanto, uma das mais importantes maneiras de contribuirmos para a saúde da igreja local é praticando uma piedade cheia do Espírito Santo. Quando busco mortificar o pecado em minha vida, isso inevitavelmente abençoará outros; e quando sou complacente com o pecado, isso tem um impacto negativo nos que estão à minha volta. Na realidade, é impossível pecar isoladamente.
Se semearmos no Espírito, colheremos do Espírito. Se semearmos na carne, colheremos da carne (Gl 5.16-25). Se você plantar mostarda, não espere colher pimenta. E se você plantar na carne, não espere colher santidade.
Semear na carne implica ceder e desistir da luta, e agradá-la em vez de crucificá-la. O velho provérbio é verdadeiro: "semeie um pensamento, colha um ato; semeie um ato, colha um hábito; semeie um hábito, colha um caráter; semeie um caráter, colha um destino" (John Stott). Alguns cristãos semeiam na carne todos os dias e se perguntam por que não colhem santidade, vitória e bênçãos.
"De Deus não se zomba" (Gl 6.7) Não importa quem você seja: você colhe o que planta. Então, escolha seu campo com cuidado. Semeie pensamentos e obras no Espírito. Os livros que você lê, as pessoas com quem anda, o que faz para se entreter, e tudo aquilo que você considera estar plantando, todas essas coisas são para a carne ou para o Espírito? Quando semeamos para o Espírito, colhemos uma vida controlada pelo Espírito como recompensa e somos habilitados a cumprir com alegria os "uns aos outros" da Escritura.
Em Vida em comunhão, Bonhoeffer escreveu um capítulo intitulado "O dia sozinho", que sucede o capítulo chamado "O dia com os outros". Ele diz: "Aquele que não consegue ficar sozinho, que tome cuidado com a comunidade. Aquele que não está em uma vida de comunidade, que tome cuidado ao ficar sozinho. Cada situação apresenta ciladas e riscos profundos. Aquele que deseja comunhão sem solitude mergulha num vazio de palavras e sentimentos, e aquele que procura a solitude sem a comunhão perece no abismo da vaidade".
Em "O dia sozinho", Bonhoeffer explora a necessidade de hábitos santos como silêncio e solitude, leitura cuidadosa da Bíblia e oração. Em outras palavras, sementes a serem semeadas no Espírito. Esses hábitos inevitavelmente abençoarão outros. Bonhoeffer escreve: "O dia em comunhão será infrutífero sem o dia sozinho, pois os dois são necessários para o comunitário e o individual" (Stott). Semeie no Espírito para o bem de sua própria alma, para o bem de seus irmãos e irmãs, e para a glória de Deus.
Bondade prática
Cuidar dá trabalho: é um privilégio e uma bênção, mas não é fácil. É por isso que Paulo nos encoraja, dizendo: "E não nos cansemos de fazer o bem, porque no tempo certo faremos a colheita, se não desanimarmos" (Gl 6.9). Todo cristão pode acabar desanimando depois de fazer boas obras. É como se Paulo dissesse: "Continuem semeando; continuem amando uns aos outros; continuem evitando brigas; continuem rejeitando os falsos mestres; continuem levando os fardos uns dos outros; continuem pregando o evangelho, pois Jesus é digno de tudo isso".
É o que diz o versículo 10: "Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé". Cristãos devem ser conhecidos pela bondade prática. Nosso esforço serve para demonstrar misericórdia "para com todos": de fato, para aqueles que têm necessidades urgentes ao redor do mundo, mas especialmente para os que são "da família da fé".
Aqui, portanto, encontramos outra missão diária: buscar oportunidades para abençoar outros fazendo o bem. Isso não vai acontecer por acidente, sem intencionalidade, pois requer certa sensibilidade às necessidades dos que se encontram ao nosso redor. Esse estilo de vida não se tornará real se nos importarmos apenas com nosso próprio umbigo: ter olhos voltados só para si mesmo não é um ato que coexiste com o cuidado ao próximo. Não ajudaremos os outros a carregar seus fardos, nem seremos zelosos nisso, até Cristo cativar nossos corações e passarmos a andar pelo Espírito.
O amor cristão não é uma ideia abstrata: ele envolve demonstrações reais de bondade, habilitadas pelo Espírito Santo (Gl 5.22). O apóstolo João diz o seguinte sobre o amor: "Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos" (1Jo 3.16). A cruz nos mostra que o amor cristão implica um amor que resulta em ação. Jesus não apenas disse que nos ama: ele demonstrou esse amor. Assim, João destaca: "Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade" (1Jo 3.17-18). Amor verdadeiro resulta em ação de verdade.
Realmente, a maioria de nós não será martirizada; mas, por outro lado, somos chamados a entregar nossa vida no serviço aos outros, pouco a pouco, fazendo o bem aos nossos amigos, vizinhos, familiares e irmãos da igreja. Visitaremos os doentes, faremos compras para um casal idoso, daremos ouvidos a um irmão enfermo, acolheremos órfãos em nossa casa, visitaremos os acamados, defenderemos os que não têm voz e assaremos bolinhos para um vizinho. Isso pode não ser tão "heroico" quanto o martírio, mas ainda assim requer a morte do "eu", e pode ser realizado no nome de Jesus para a glória dele.
Lembro de ter ouvido a história de um ministro que pastoreava no centro de uma cidade. Uma mulher da congregação disse a ele: "Pastor, precisamos ver mais sinais e maravilhas. Não vimos sinais e maravilhas o suficiente". Ele respondeu: "Senhora, logo ali senta uma mulher que foi despejada de seu apartamento junto com seus três filhos. Eu consideraria um sinal e uma maravilha se você os acolhesse em sua casa por três meses". Não há nada de errado em querer ver Deus fazer coisas extraordinárias — eu também quero! Mas não ignore e subestime o que o Espírito faz através de nós para demonstrar amor prático aos outros. Todo e qualquer membro de igreja pode e deve, de muitas e variadas maneiras, mostrar esses sinais e realizar essas maravilhas hoje.
Passos de ação
Eis aqui alguns passos práticos para cuidarmos de nossos irmãos e irmãs em Cristo:
1. Realize as importantes obras de restauração, de carregar os fardos, de partilhar e fazer o que é bom. Se alguém vem à sua mente quando você reflete sobre Gálatas 6, então tome a decisão de agir em favor dessa pessoa;
2. Reconheça que o cuidado para com pecadores e oprimidos é um ministério que todos os crentes devem desempenhar. Considere ler bons livros sobre o cuidado ao próximo. Analise sua agenda e veja se há espaço para realizar a obra de ouvir e ajudar os aflitos e desviados e de interceder por eles; caso ainda não tenha, então trate de abrir espaço para essa importante obra;
3. Lembre-se de que sua vida pessoal sempre afetará sua comunidade. Considere desenvolver alguns "hábitos santos" novos em sua vida: uma hora separada para orar, ler as Escrituras, cantar, e por aí vai... Se há "hábitos impuros", trate de acabar com eles! Entenda que às vezes uma simples mudança em sua rotina pode ter um grande impacto no resto de sua vida e um impacto positivo naqueles à sua volta;
4. Busque semanalmente oportunidades de fazer o bem aos outros. O que você tem de fazer hoje? Você costuma fazer o planejamento da sua semana? Esse planejamento inclui surpreender pessoas com atos de bondade? Você consegue imaginar o que aconteceria em sua igreja se todos gastassem tempo planejando maneiras de abençoar os outros?
5. Ore por sua família da fé. Ore para que possam dizer de vocês: "Veja como eles amam uns aos outros!". Ore para que sua igreja se preocupe genuinamente com os doentes e oprimidos, com os fracos e os feridos. Ore por você, pois todos podemos ficar exaustos. Peça ao Senhor que o encha com seu Espírito para que você possa ser uma demonstração encarnada do fruto do Espírito.
Assista o sermão completo no canal o Youtube:
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