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Foto do escritorChristian Lo Iacono

A Ressureição de Jesus

Nenhum dos quatro Evangelhos descreve a ressurreição, que, de qualquer maneira, nenhum ser humano viu. Todos, porém, ressaltam sua importância, embora de maneiras diferentes. Algumas coisas existem em comum em todos os relatos, tais como o túmulo vazio, a relutância dos discípulos de crerem que Jesus ressuscitara, o fato de que os primeiros aparecimentos foram a mulheres e o número limitado de aparecimentos. Até mesmo quando estão falando do mesmo aparecimento, cada Evangelista o conta da sua própria maneira (Lc 24:36ss.; Jo 20:19ss.).

 

Isso torna difícil a disposição dos aparecimentos numa sequência coerente, e alguns críticos sustentam que as discrepâncias nos vários relatos tornam impossível semelhante disposição. Mas Arndt elaborou uma harmonia possível (assim como fizeram outras pessoas). Podemos, ou não, sentir-nos capazes de aceitar a solução de Arndt, mas não se pode negar que ele elaborou uma sequência que abrange todos os aparecimentos mencionados nos relatos. O tesouro de Lucas é a história maravilhosa da caminhada para Emaús. Suas outras histórias da ressurreição também possuem o cunho próprio dele, e são diferentes daquilo que lemos em outros lugares. É digno de nota que se concentra em Jerusalém e nada diz acerca dos aparecimentos do Senhor ressurreto na Galileia.

 

a. O aparecimento às mulheres (24:1-11)

 

v. 1. O sábado era, naturalmente, o sétimo dia, de modo que o primeiro dia da semana foi nosso domingo. O sábado teria terminado ao pôr do sol no sábado, mas pouca coisa poderia ser feita durante as horas de escuridão. Assim, as mulheres já estavam ativas bem cedo no domingo, e foram caminhando para o túmulo no começo da aurora. Que levaram consigo os aromas demonstram que tinham em mente a finalização do sepultamento de Jesus.

 

vv. 2,3. Marcos nos conta que enquanto caminhavam, discutiam o problema de remover a pedra pesada da entrada do túmulo. Lucas simplesmente diz que quando chegaram, acharam-na já removida do sepulcro. Quando, mais tarde, o discípulo amado chegou ao túmulo, sentia dificuldade quanto ao entrar nele (Jo 20.5), mas as mulheres não tinham nenhuma hesitação dessa natureza. Quando entraram, no entanto, não acharam o corpo. Lucas, pela primeira vez no sepulcro, une o título “Senhor” com “Jesus”, a fim de dar o sentido de que o Jesus crucificado agora é o Senhor Jesus exaltado.

 

v. 4. Não sem motivo, as mulheres estavam totalmente perplexas. Os dois homens que agora ficaram ali com vestes resplandecentes (cf. At 1:10) evidentemente devem ser entendidos como sendo anjos. Mateus fala de um anjo que removeu a pedra e também falou às mulheres. Marcos se refere a um jovem com manto branco, a quem viram depois de entrarem no túmulo. João menciona dois anjos vestidos de branco que falaram a Maria Madalena. Fica claro que todas essas referências dizem respeito a anjos. O fato de que às vezes ouvimos falar de um, e às vezes de dois, não precisa preocupar-nos. Conforme indicam muitos comentaristas, um porta-voz destaca-se mais do que seus companheiros e pode ser mencionado sem referência aos outros. A perplexidade das mulheres é um lembrete de que um fato tão irrefutável quanto o sepulcro vazio não leva à fé. O sepulcro vazio não prova a ressurreição de Jesus nem faz o NT apresenta-lo como prova de tal fato.

 

Nem sequer devemos ser grandemente preocupados porque os anjos possam estar sentados (em João) ou em pé (aqui), nem que suas palavras não são idênticas em todos os vários relatos. É crítica exagerada que não permite os anjos a mudarem de posição, e não há razão alguma para sustentar que falaram uma só vez. Além disso, João fala deles em conexão com um incidente diferente. A coisa principal que essas diferenças pequenas nos contam é que os relatos são independentes entre si. É possível, também, que no caso de anjos seja requerida a percepção espiritual, e que nem todos tenham visto a mesma coisa.

 

vv. 5-7. A reação das mulheres era de medo. Baixar o rosto para o chão era uma marca de respeito diante de seres tão grandiosos. Os anjos perguntaram primeiro: Por que buscais entre os mortos ao que vive? Essa pergunta surpreendente chega imediatamente à raiz do assunto. Não se deve pensar que Jesus está morto: logo, não deve ser procurado entre os mortos. Jesus já tinha dito aos seus seguidores: “Deixe que os mortos sepultem os seus mortos. Você, porém, vá e anuncie o Reino de Deus” (Lc 9.60). Ele não está aqui, mas ressuscitou. Então, os anjos passam a lembrar as mulheres que isso estava de acordo com a predição feita por Jesus enquanto Ele ainda estava na Galileia. Naquela ocasião dissera que seria crucificado e ressuscitaria no terceiro dia (cf. 9:22; este ensino continuou depois da Galileia, 17:25; 18:32-33). Mateus e Marcos omitiram essa declaração, mas nos informam, como não faz Lucas, que Jesus iria para a Galileia diante dos discípulos, e que eles O veriam ali. Talvez Lucas omitisse essa parte porque não tinha o propósito de incluir qualquer relato dos aparecimentos de Jesus na Galileia. Os anjos não apresentam nenhuma prova da ressurreição de Jesus para as mulheres. Eles anunciam a ressureição, e o anúncio deles possibilita a fé, pois a fé não é uma dedução lógica do fato do sepulcro vazio, mas uma resposta de confiança à verdade declarada. Lucas é o único evangelista a incluir os ditos da paixão após a ressurreição nas narrativas da ressurreição. O v. 7 lembra que o sofrimento de Jesus é essencial para o entendimento e crença em sua condição de ressuscitado, pois seu sofrimento é um cumprimento da Escritura e sua ressurreição é uma vitória de uma vez por todas sobre o pecado e a morte.

 

vv. 8,9. Lembraram-se, e é evidente que isso lhes trouxe certa medida de convicção. Já tinham ouvido aquelas palavras antes, mas Jesus frequentemente tinha falado metaforicamente, e provavelmente tinham entendido as palavras estranhas acerca da ressurreição de alguma maneira semelhante. Agora perceberam que Jesus pretendia que Suas palavras fossem tomadas literalmente. As mulheres foram levar suas notícias aos onze e também as contaram a todos os demais que com eles estavam, isto é, os demais seguidores de Jesus que estavam naquele local. A lembrança (v. 6) leva à crença, e a crença leva ao anúncio (v. 9).

 

vv. 10. Lucas passa a alistar os nomes de algumas das mulheres. Maria Madalena, a primeira a ver o Senhor ressurreto (cf. Mc 16:9), é mencionada em cada um dos quatro Evangelhos na narrativa da ressurreição. Mas à parte da sua conexão com a crucificação e a ressurreição, ouvimos falar dela somente em 8:2. Joana é mencionada somente aqui e em 8:2. Maria mãe de Tiago (Mc 16:1) é aparentemente "a outra Maria" de Mt 28:1. Essas, e as demais mulheres (que incluem Salomé, mencionada em Mc 16:1) contaram aos apóstolos o que viram e ouviram.

 

v. 11. Os apóstolos não ficaram impressionados. Consideraram a história como delírio. Lucas sublinha esse conceito ao acrescentar e não acreditaram nelas. Os apóstolos não eram homens que precisassem apenas de um pequeno empurrão antes de se lançarem a proclamar a ressurreição. Eles estavam totalmente céticos. Até mesmo quando mulheres que eles conheciam bem contavam-lhes as experiências delas, recusaram-se a crer. É claro que uma evidência irrefutável seria necessária para convencer esses céticos.

 

b. Pedro no sepulcro (24:12)

 

v. 12. Correu ao sepulcro. Nada mais viu senão os lençóis de linho, o que sublinha o fato do túmulo vazio. Pedro, porém, ainda não acreditava na ressurreição, pois foi para casa, maravilhado do que havia acontecido. Mas pelo menos ficou impressionado. Algo de maravilhoso acontecera.

 

c. A caminhada para Emaús (24:13-35)

 

Essa história encantadora é uma das mais queridas de todas as narrativas da ressurreição. Há algo de muito comovedor no fato de um dos poucos aparecimentos do Senhor ressurreto ser oportunizado a esses discípulos humildes, totalmente desconhecidos. A história, além disso, tem algo de tão vívido nela que só pode ter vindo diretamente de um dos participantes, e é até possível que o próprio Lucas fosse o discípulo cujo nome não foi dado. Outros, no entanto, consideram esse aspecto como sendo nada mais do que uma prova da arte literária de Lucas.

 

vv. 13,14. Naquele mesmo dia liga essa história firmemente com os outros acontecimentos no dia da ressurreição. Lucas não dá o nome dos discípulos acerca dos quais escreve, referindo-se simplesmente a dois deles. Localiza Emaús com exatidão, como estando a 10km de Jerusalém. Lucas não identifica o assunto da conversa deles, mas tudo o que tinha acontecido deve se referir às histórias do sepulcro vazio e dos anjos.

 

vv. 15, 16. O verbo "aproximar-se" pode se referir a uma abordagem de qualquer direção, mas como os dois falam de Jesus como sendo proveniente de Jerusalém (18), o significado deve ser que Ele os ultrapassou enquanto eles viajavam. Em certo número de ocasiões, o Cristo ressurreto não foi reconhecido de início (Mt 28:17; Jo 20:14; 21:4): assim também agora. Nessa ocasião a implicação parece ser que os discípulos foram de alguma maneira impedidos de reconhecer a Jesus. Estava dentro da providência de Deus que somente mais tarde viessem a saber quem Ele era. Talvez Lucas queira que entendamos "que não podemos ver o Cristo ressurreto, embora Ele esteja andando ao nosso lado, a não ser que Ele queira revelar-Se" (Ford).

 

vv. 17,18. A pergunta de Jesus acerca do assunto da conversa deles levou-os a parar, entristecidos. Claramente, tinham sido profundamente comovidos pela reviravolta dos eventos. Cleopas, agora introduzido pela primeira vez, não nos é conhecido fora dessa história. Entendia que os eventos acerca dos quais estava falando com seu amigo fossem do conhecimento de todos. O desconhecido, pensava ele, deve ser o único que, tendo estado em Jerusalém, ignora as ocorrências desses últimos dias. Por certo, era um tópico que estava sempre nos lábios de todos aqueles na capital naquela ocasião.

 

vv. 19,20. À pergunta de Jesus: Do que se trata? deram uma resposta iluminadora. Sua pergunta convida os dois para abrirem o coração para que Ele possa instruí-los na verdade que apenas o coração deles pode receber. Viam Jesus como sendo um profeta. Sua percepção da Sua Pessoa era limitada. Mesmo assim, na sua esperança na redenção (21), devem ter visto Jesus como algo mais. De qualquer maneira, ficaram impressionados pelas Suas obras bem como pelas Suas palavras, e as caracterizavam igualmente como sendo poderosas. Tinham visto em Jesus o poder de Deus. Mas, embora Ele tivesse esse caráter, explicaram que as autoridades judaicas O crucificaram. Nota-se que não são os romanos, mas, sim, os principais sacerdotes e as nossas autoridades que, aqui, tanto o entregaram quanto o crucificaram. A referência à Sua condenação à morte implica os romanos, mas a culpa principal é colocada diretamente sobre os judeus.

 

v. 21. A ausência de palavras como “Senhor”, “Messias” ou “Filho de Deus” indica que Jesus não era considerado maior que essas mesmas figuras. Mas a esperança desses dois (e talvez doutros; nós pode significar "nós, os cristãos") tinha sido que fosse ele quem havia de redimir a Israel. Tinham visto nEle o Libertador prometido. A redenção no mundo antigo significava o livramento mediante o pagamento de um preço. É inconcebível que Deus pagasse um preço a qualquer pessoa que fosse, de modo que quando Ele é o sujeito, o conceito é necessariamente modificado. Mas o exame apurado de tais passagens revela que tendem a transmitir o pensamento que Deus salva com algum custo (Ele pode, por exemplo, ser retratado ao fazer um grande esforço, visando os interesses dos Seus). Antes do Calvário, ninguém podia saber quão grande era o custo. Mas o uso do conceito da redenção expressa alguma coisa da esperança de Israel e da certeza de que Deus Se importa. O lamento suscinto de Cleopas resume o sentimento dos cristãos ao longo das era que concluem que, quando Deus não cumpre as esperanças deles, toda esperança está perdida. “O ponto importante aqui é que o sofrimento precede a glória; Jesus tem de morrer antes de poder viver... Na irônica jornada a Emaús, os discípulos vivos conversam sobre um Jesus morto, enquanto um Jesus vivo fala com discípulos sem vida.”

 

vv. 22-24. Os viajantes destacam entre aquilo que ficaram sabendo da parte das mulheres como sendo o túmulo vazio e uma visão de anjos. Não dizem quem foi para o sepulcro a fim de averiguar, mas o plural, alguns dos nossos, mostra que sabiam que Pedro não estivera sozinho. A história das mulheres tivera verificada a sua exatidão, pelo menos no que dizia respeito ao sepulcro vazio. Mas esses dois terminam, com tristezas: mas a ele (há ênfase nesta palavra) não o viram. Aparentemente, os que foram ver o sepulcro esperavam ver a Jesus; mas não o viram, e isso lançou certa dúvida sobre aquilo que as mulheres tinham dito.

 

vv. 25, 26. As palavras deles provocaram uma repreensão um pouco severa da parte do companheiro deles. Insensatos e demorados para crer: as palavras certamente estão muito longe de ser elogiosas, e demonstram que os dois fizeram menos do que razoavelmente se poderia esperar. Jesus passa a indicar que a raiz do problema é que eles não tinham aceito aquilo que se ensina nas profecias bíblicas. Os profetas tinham falado com clareza suficiente, mas as mentes de Cleopas e do seu companheiro não tinham sido suficientemente alertas para captar aquilo que queriam dizer. Jesus os repreende por lerem as Escrituras sem entender e sem acreditar. Seu problema não era de mente, mas de coração. A palavra tudo é provavelmente importante. Sem dúvida, tinham se apegado à predição da glória do Messias, mas era coisa bem diferente levar a sério as profecias que apontavam para o lado mais escuro da Sua missão. Mas o lado escuro estava ali, nas profecias. E isto quer dizer que a Paixão não era simplesmente uma possibilidade que poderia, ou não, se tornar uma realidade, dependendo das circunstâncias: era necessário. Já que estava escrita nos profetas, tinha de acontecer. O Cristo tinha de padecer. Mas esse não é o fim de tudo. Ele devia também entrar na sua glória. Deus não está derrotado. Triunfa através dos sofrimentos do Seu Cristo.

 

v. 27. Jesus começou um estudo bíblico sistemático. Moisés e todos os profetas formaram o ponto de partida, mas Ele também passou para as coisas que se referiam a Ele em todas as Escrituras. O retrato que recebemos é aquele do Antigo Testamento que, em todas as suas partes, aponta para Jesus. Lucas não dá indicação alguma de quais passagens o Senhor escolheu, mas torna claro que a totalidade do Antigo Testamento era envolvida. Talvez devamos entender isso, não como a seleção de um certo número de textos de prova, mas, sim, como uma demonstração de que, no decurso de todo o Antigo Testamento, um propósito divino consistente é desenvolvido, propósito esse que, no fim, envolvia, e devia envolver, a cruz. A qualidade terrível do pecado é achada em todas as partes do Antigo Testamento, mas assim também se acha o amor profundíssimo de Deus. No fim, essa combinação tornou inevitável o Calvário. Os dois tinham ideias erradas daquilo que o Antigo Testamento ensinava, e, portanto, tinham ideias erradas acerca da cruz.

 

vv. 28, 29. Quando se aproximavam do fim da sua viagem, parecia que Jesus ia passar adiante. Se não tivessem insistido que Ele ficasse com eles, não há motivo para pensar que Ele teria ficado. Não devemos interpretar as palavras como uma indicação de algum gesto teatral. Sem o convite, Ele não teria ficado. Mas os dois tinham ficado mais do que impressionados com Sua exposição da Bíblia e, portanto, o constrangeram a ficar com eles. Alguns consideram que eles foram para uma hospedaria, mas a única evidência é que Jesus tomou a iniciativa em partir o pão (30), que o hospedeiro normalmente faria. A ideia dificilmente parece adequada, e é muito mais provável que fossem para um lar. Que é tarde e o dia já declina significava que já estava na hora de cessar qualquer viagem normal. Depois do anoitecer, andar seria difícil em trilhas sem iluminação, e poderia haver perigos de salteadores ou de feras. Seria melhor fazer uma parada.

 

vv. 30, 31. Na mesa, Jesus passou pelos gestos familiares no começo de uma refeição judaica, embora normalmente teriam sido feitos pelo hospedeiro, e não por um hóspede. O pão era comumente partido durante a oração de ações de graças antes de uma refeição. Alguns têm visto aqui uma referência ao partir do pão no culto da Santa Ceia, mas esta parece ser forçada. Teria sido um culto muito estranho de Santa Ceia, interrompido na ação de abertura e, pelo que podemos ver, nunca completado. E teria sido completamente fora de lugar. De qualquer maneira, os dois não estavam presentes na Última Ceia (cf. 22:14; Mc 14:17), de modo que não poderiam ter relembrado as ações de Jesus naquela ocasião. Além disto, não se menciona o vinho.

Mesmo assim, algo na ação despertou uma lembrança, ou talvez agora vissem as marcas dos pregos nas mãos de Jesus pela primeira vez. Ou talvez fosse simplesmente o momento certo escolhido por Deus. Então os olhos deles se abriram (v. 31) significa que Deus escolheu esse momento para tornar claro que esse era Seu Filho. De qualquer maneira, o reconheceram. E quando O reconheceram, ele desapareceu da presença deles. As pessoas sentem com frequência a presença de Deus antes de reconhecerem ou articularem esse fato.

 

v. 32. O reconhecimento de que era o Senhor com quem andaram explicou-lhes o que lhes tinha acontecido na viagem. Lembravam-se como lhes tinha ardido o coração. Claramente, a exposição de Jesus os comovera profundamente. Diziam que Ele lhes expunha as Escrituras; quando Ele falava, o significado oculto nas palavras da Bíblia se tornava claro.

 

vv. 33-35. A reação imediata deles foi contar aos outros crentes. Parece que não completaram sua refeição, pois partiram na mesma hora (que quer dizer "imediatamente" e não "dentro de uma hora."). Os argumentos que tinham empregado com Jesus a respeito do avançado da hora aparentemente não pesavam de modo algum para eles agora. Em Jerusalém, acharam os onze e outros com eles, embora Lucas não diga quais eram esses outros. Mas estavam transbordando da notícia da ressurreição, porque o Senhor já apareceu a Simão! (cf. 1 Co 15:5). Não tinham estado dispostos a aceitar a palavra das mulheres, mas Simão era diferente. Se ele disse que vira Jesus, então O Senhor ressuscitou mesmo. Então, Cleopas e seu amigo contaram acerca da sua caminhada com Jesus e como Ele Se tornou conhecido no partir do pão. A maneira de Ele Se fazer reconhecer claramente os impressionara.

 

d. Jesus aparece aos discípulos (24:36-43)

 

É razoavelmente óbvio supor que este é o mesmo aparecimento que se descreve em João 20:19ss., mas as diferenças entre os dois relatos demonstram que são independentes. Nada se diz aqui sobre Jesus soprando sobre os discípulos, nenhuma referência ao Espírito Santo ou à declaração que os pecados são perdoados ou retidos. Mas os dois relatos se referem ao mesmo horário no Dia da Páscoa; nos dois, Jesus mostra as marcas das Suas feridas, e nos dois há provavelmente a saudação da paz.

 

v. 36. Este incidente se segue imediatamente após a volta dos dois de Emaús. Falavam ainda essas coisas quando Jesus apareceu. Lucas não fala, como fala João de "portas fechadas (i.é, trancadas)", mas isso parece ser a implicação de Jesus aparecer no meio deles. O Senhor ressurreto não era preso pelas limitações que assediam os homens em geral, e Seus aparecimentos e desaparecimentos repentinos sublinham esse fato. Que a paz esteja com vocês consta também em João. É a saudação normal daqueles dias.

 

v. 37. Não é surpreendente que os discípulos ficaram surpresos. Afinal das contas, o aparecimento repentino do Senhor ressurreto no meio deles deve ter sido um susto. Que estavam atemorizados não é tão facilmente explicável. Os dois de Emaús tinham acabado de dizer que "O Senhor ressuscitou." Mas uma coisa é aceitar semelhante declaração feita por outrem acerca de uma Pessoa ausente, e coisa bem diferente é aceitá-la para si mesmo quando a Pessoa está repentinamente presente, a despeito das portas trancadas. Não admira que acreditavam estar vendo um espírito, isto é, um fantasma! O medo deles era a reação natural diante do sobrenatural.

 

vv. 38-40. Jesus passou a acalmar e consolar Seus seguidores. Primeiro, perguntou a razão por estarem perturbados e pelas dúvidas deles. É bom colocar as dúvidas numa posição aberta e ver o que a causa. O convite para tocar nEle e a referência à carne e ossos demonstra que o corpo ressurreto tinha aspectos físicos, ou pelo menos que podia conformar-se, segundo a vontade de Jesus, às leis físicas. Vejam as minhas mãos e os meus pés é provavelmente um convite para olhar as marcas das Suas feridas como meio de verificar que era o próprio Jesus que estava em pé diante deles. Apalpá-Lo mostraria Ele não era um fantasma. O v. 40 indicam que Jesus fez aquilo que Suas palavras subentenderam, e mostrou aos discípulos os lugares onde estavam as marcas dos pregos.

 

vv. 41-43. Agora parecia ao pequeno grupo que tudo isso era bom demais para ser verdadeiro. Não acreditarem... por causa da alegria. Jesus, portanto, dissipou sua descrença ao pedir alimento que passou a comer diante deles: um pedaço de peixe assado.

 

e. O cumprimento das Escrituras (24:44-49)

 

O cumprimento das Escrituras é um tema principal de Lucas. Entende que Deus declarou Seu propósito naqueles escritos antigos e que depois cumpriu o que prenunciara. Ele não era frustrado pelas maquinações dos homens ímpios.

 

v. 44. São estas as palavras que eu vos falei: "era necessário que se cumprisse tudo o que está escrito a respeito de mim na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos." Jesus incluíra no Seu ensino um número suficiente de prenúncios da Paixão e da Ressurreição para Seus seguidores não serem surpreendidos com aquilo que aconteceu. Podia dizer: estando ainda com vocês, porque Sua presença agora (e noutras ocasiões) era excepcional. A divisão solene das Escrituras na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos (as três divisões da Bíblica Hebraica) indica que não há parte alguma da Escritura que não dá testemunho a Jesus. Este, aliás, parece ser o único lugar no Novo Testamento onde esta tríplice divisão é explicitamente mencionada.

 

vv. 45,46. Assim como na estrada de Emaús, lhes abriu o entendimento (32). Demonstrou que a Bíblia indica um Messias que padeceria e ressuscitaria. Mais uma vez, Lucas torna claro o fato sem nos contar quais eram as passagens das quais Jesus dependia para comprovar Seu argumento. O Senhor ressurreto é a Palavra viva que sozinha esclarece e interpreta a palavra escrita.

 

vv. 47,48. Nesta ocasião, Jesus foi além de mostrar como a profecia foi cumprida na Sua Paixão e Ressurreição. Segue-se dos Seus atos salvíficos que o arrependimento para remissão de pecados deve ser pregado. Diz-se frequentemente que Lucas não vê a cruz realizando uma função expiadora, de modo que são importantes essas palavras que vinculam o perdão com a Paixão. Lucas talvez não ressalte a expiação da mesma maneira que alguns outros escritores do Novo Testamento a ressaltam, mas está ali. Em seu nome liga esse arrependimento e perdão com aquilo que Jesus é e fez. Os homens são chamados a um arrependimento baseado em princípios gerais e para receber um perdão sempre disponível. Lucas está falando acerca daquilo que Cristo fez em prol dos seres humanos e que está disponível através dEle. Não é um perdão mesquinho, disponível para algumas almas piedosas e nacionalistas, mas, sim, para todos os homens.

 

Começando em Jerusalém, O evangelho deve ser pregado a todas as nações, e o testemunho a Cristo deve ser dado. As duas ações deveriam ser realizadas por discípulos que nesta ocasião estavam em Jerusalém. Era ali que seu testemunho começaria, e era ali que a evangelização das nações começaria.

 

vv. 49. O Jesus ressurreto tem o poder para enviar o Espírito. Sua autoridade não é limitada como era durante os dias do Seu ministério terrestre. A promessa de meu Pai é uma designação incomum do Espírito Santo, e ressalta o lugar da promessa divina na Sua vinda. Os discípulos não devem tentar a tarefa da evangelização com seus próprios escassos recursos, mas, sim, devem aguardar a vinda do Espírito. O equipamento que Ele forneceria é descrito de forma pitoresca em termos de os discípulos serem revestidos do poder que vem do alto. A nota de poder é significante, e do alto lembrava a eles (e nos lembra também) qual é a fonte de todo o verdadeiro poder para a evangelização.

 

f. A ascensão (24:50-53)

 

A ascensão é descrita mais plenamente no segundo volume de Lucas (At 1:9-11). Aqui, contenta-se em citar o fato principal e deixar-nos com um quadro dos discípulos que adoravam e se regozijavam. O relato é bem curto. Lucas já tinha escrito mais do que a maioria dos rolos de papiro podiam conter, e está claramente apressando-se para o fim deste volume. Não explica em detalhes o que ele quer dizer com a ascensão, mas é difícil crer que ele pensasse que Jesus subisse verticalmente e parasse uns dois ou três km. acima da terra. Mas claramente pensava na ressurreição como algo que realmente aconteceu. Conforme sustenta C. F. D. Moule, devemos estar prontos a atribuir à ascensão em Lucas o mesmo tipo de historicidade que atribuímos aos aparecimentos depois da ressurreição e à transfiguração. E a ascensão difere radicalmente do fato de Jesus ter desaparecido diante dos olhos dos discípulos em Emaús (24:31), e de acontecimentos semelhantes. Há um ar de algo definitivo neste caso. É o fim decisivo de um capítulo e o começo de outro. É a consumação da obra terrestre de Cristo, a indicação aos Seus seguidores de que Sua missão é cumprida, que Sua obra entre eles veio a um fim decisivo. Já não mais podem esperar vê-Lo segundo a antiga maneira.

 

Os teólogos também veem na ascensão o levar para o céu da humanidade de Jesus. A encarnação não é alguma coisa casual e fugaz, mas, sim, uma ação divina com consequências permanentes. E. Moule argumenta que, se a ascensão importa em levar a humanidade de Cristo para o céu, "significa que, com ela será levada a humanidade que Ele redimiu – aqueles que são de Cristo na Sua vinda. É uma expressão poderosa da redenção deste mundo, em contraste com o mero escape dele.”

 

vv. 51-52. Jesus tomou a iniciativa e levou os discípulos para Betânia. Em At 1:3, ficamos sabendo que quarenta dias decorreram entre a ressurreição e a ascensão. Betânia ficava nas encostas do Monte das Oliveiras, e a ressurreição ocorreu a partir de algum lugar desta colina. Lucas descreve este evento com muita simplicidade. Fala apenas que Jesus foi separado dos discípulos no ato de abençoá-los.

 

vv. 52, 53. Seja qual tenha sido o conceito deles da Pessoa dEle durante Seu ministério, a Paixão e a Ressurreição, e agora a Ascensão, convenceram-nos que Ele era divino. Ele era digno de ser adorado, e deram-Lhe Sua devida homenagem. A adoração é a resposta deles à Sua ascensão. É interessante que o sentimento deles nesta despedida final não era de pesar mas, sim, de grande júbilo (cf. Jo 14:28). Estavam entendendo mais do que tinham entendido previamente. Lucas começou seu Evangelho no Templo (1:5). Agora o termina, com os discípulos sempre no templo, louvando a Deus. É um reconhecimento condigno da graça que Deus demonstrou de uma maneira tão singular nos eventos que narrou.Nenhum dos quatro Evangelhos descreve a ressurreição, que, de qualquer maneira, nenhum ser humano viu. Todos, porém, ressaltam sua importância, embora de maneiras diferentes. Algumas coisas existem em comum em todos os relatos, tais como o túmulo vazio, a relutância dos discípulos de crerem que Jesus ressuscitara, o fato de que os primeiros aparecimentos foram a mulheres e o número limitado de aparecimentos. Até mesmo quando estão falando do mesmo aparecimento, cada Evangelista o conta da sua própria maneira (Lc 24:36ss.; Jo 20:19ss.).

 

Isso torna difícil a disposição dos aparecimentos numa sequência coerente, e alguns críticos sustentam que as discrepâncias nos vários relatos tornam impossível semelhante disposição. Mas Arndt elaborou uma harmonia possível (assim como fizeram outras pessoas). Podemos, ou não, sentir-nos capazes de aceitar a solução de Arndt, mas não se pode negar que ele elaborou uma sequência que abrange todos os aparecimentos mencionados nos relatos. O tesouro de Lucas é a história maravilhosa da caminhada para Emaús. Suas outras histórias da ressurreição também possuem o cunho próprio dele, e são diferentes daquilo que lemos em outros lugares. É digno de nota que se concentra em Jerusalém e nada diz acerca dos aparecimentos do Senhor ressurreto na Galileia.

 

a. O aparecimento às mulheres (24:1-11)

 

v. 1. O sábado era, naturalmente, o sétimo dia, de modo que o primeiro dia da semana foi nosso domingo. O sábado teria terminado ao pôr do sol no sábado, mas pouca coisa poderia ser feita durante as horas de escuridão. Assim, as mulheres já estavam ativas bem cedo no domingo, e foram caminhando para o túmulo no começo da aurora. Que levaram consigo os aromas demonstram que tinham em mente a finalização do sepultamento de Jesus.

 

vv. 2,3. Marcos nos conta que enquanto caminhavam, discutiam o problema de remover a pedra pesada da entrada do túmulo. Lucas simplesmente diz que quando chegaram, acharam-na já removida do sepulcro. Quando, mais tarde, o discípulo amado chegou ao túmulo, sentia dificuldade quanto ao entrar nele (Jo 20.5), mas as mulheres não tinham nenhuma hesitação dessa natureza. Quando entraram, no entanto, não acharam o corpo. Lucas, pela primeira vez no sepulcro, une o título “Senhor” com “Jesus”, a fim de dar o sentido de que o Jesus crucificado agora é o Senhor Jesus exaltado.

 

v. 4. Não sem motivo, as mulheres estavam totalmente perplexas. Os dois homens que agora ficaram ali com vestes resplandecentes (cf. At 1:10) evidentemente devem ser entendidos como sendo anjos. Mateus fala de um anjo que removeu a pedra e também falou às mulheres. Marcos se refere a um jovem com manto branco, a quem viram depois de entrarem no túmulo. João menciona dois anjos vestidos de branco que falaram a Maria Madalena. Fica claro que todas essas referências dizem respeito a anjos. O fato de que às vezes ouvimos falar de um, e às vezes de dois, não precisa preocupar-nos. Conforme indicam muitos comentaristas, um porta-voz destaca-se mais do que seus companheiros e pode ser mencionado sem referência aos outros. A perplexidade das mulheres é um lembrete de que um fato tão irrefutável quanto o sepulcro vazio não leva à fé. O sepulcro vazio não prova a ressurreição de Jesus nem faz o NT apresenta-lo como prova de tal fato.

 

Nem sequer devemos ser grandemente preocupados porque os anjos possam estar sentados (em João) ou em pé (aqui), nem que suas palavras não são idênticas em todos os vários relatos. É crítica exagerada que não permite os anjos a mudarem de posição, e não há razão alguma para sustentar que falaram uma só vez. Além disso, João fala deles em conexão com um incidente diferente. A coisa principal que essas diferenças pequenas nos contam é que os relatos são independentes entre si. É possível, também, que no caso de anjos seja requerida a percepção espiritual, e que nem todos tenham visto a mesma coisa.

 

vv. 5-7. A reação das mulheres era de medo. Baixar o rosto para o chão era uma marca de respeito diante de seres tão grandiosos. Os anjos perguntaram primeiro: Por que buscais entre os mortos ao que vive? Essa pergunta surpreendente chega imediatamente à raiz do assunto. Não se deve pensar que Jesus está morto: logo, não deve ser procurado entre os mortos. Jesus já tinha dito aos seus seguidores: “Deixe que os mortos sepultem os seus mortos. Você, porém, vá e anuncie o Reino de Deus” (Lc 9.60). Ele não está aqui, mas ressuscitou. Então, os anjos passam a lembrar as mulheres que isso estava de acordo com a predição feita por Jesus enquanto Ele ainda estava na Galileia. Naquela ocasião dissera que seria crucificado e ressuscitaria no terceiro dia (cf. 9:22; este ensino continuou depois da Galileia, 17:25; 18:32-33). Mateus e Marcos omitiram essa declaração, mas nos informam, como não faz Lucas, que Jesus iria para a Galileia diante dos discípulos, e que eles O veriam ali. Talvez Lucas omitisse essa parte porque não tinha o propósito de incluir qualquer relato dos aparecimentos de Jesus na Galileia. Os anjos não apresentam nenhuma prova da ressurreição de Jesus para as mulheres. Eles anunciam a ressureição, e o anúncio deles possibilita a fé, pois a fé não é uma dedução lógica do fato do sepulcro vazio, mas uma resposta de confiança à verdade declarada. Lucas é o único evangelista a incluir os ditos da paixão após a ressurreição nas narrativas da ressurreição. O v. 7 lembra que o sofrimento de Jesus é essencial para o entendimento e crença em sua condição de ressuscitado, pois seu sofrimento é um cumprimento da Escritura e sua ressurreição é uma vitória de uma vez por todas sobre o pecado e a morte.

 

vv. 8,9. Lembraram-se, e é evidente que isso lhes trouxe certa medida de convicção. Já tinham ouvido aquelas palavras antes, mas Jesus frequentemente tinha falado metaforicamente, e provavelmente tinham entendido as palavras estranhas acerca da ressurreição de alguma maneira semelhante. Agora perceberam que Jesus pretendia que Suas palavras fossem tomadas literalmente. As mulheres foram levar suas notícias aos onze e também as contaram a todos os demais que com eles estavam, isto é, os demais seguidores de Jesus que estavam naquele local. A lembrança (v. 6) leva à crença, e a crença leva ao anúncio (v. 9).

 

vv. 10. Lucas passa a alistar os nomes de algumas das mulheres. Maria Madalena, a primeira a ver o Senhor ressurreto (cf. Mc 16:9), é mencionada em cada um dos quatro Evangelhos na narrativa da ressurreição. Mas à parte da sua conexão com a crucificação e a ressurreição, ouvimos falar dela somente em 8:2. Joana é mencionada somente aqui e em 8:2. Maria mãe de Tiago (Mc 16:1) é aparentemente "a outra Maria" de Mt 28:1. Essas, e as demais mulheres (que incluem Salomé, mencionada em Mc 16:1) contaram aos apóstolos o que viram e ouviram.

 

v. 11. Os apóstolos não ficaram impressionados. Consideraram a história como delírio. Lucas sublinha esse conceito ao acrescentar e não acreditaram nelas. Os apóstolos não eram homens que precisassem apenas de um pequeno empurrão antes de se lançarem a proclamar a ressurreição. Eles estavam totalmente céticos. Até mesmo quando mulheres que eles conheciam bem contavam-lhes as experiências delas, recusaram-se a crer. É claro que uma evidência irrefutável seria necessária para convencer esses céticos.

 

b. Pedro no sepulcro (24:12)

 

v. 12. Correu ao sepulcro. Nada mais viu senão os lençóis de linho, o que sublinha o fato do túmulo vazio. Pedro, porém, ainda não acreditava na ressurreição, pois foi para casa, maravilhado do que havia acontecido. Mas pelo menos ficou impressionado. Algo de maravilhoso acontecera.

 

c. A caminhada para Emaús (24:13-35)

 

Essa história encantadora é uma das mais queridas de todas as narrativas da ressurreição. Há algo de muito comovedor no fato de um dos poucos aparecimentos do Senhor ressurreto ser oportunizado a esses discípulos humildes, totalmente desconhecidos. A história, além disso, tem algo de tão vívido nela que só pode ter vindo diretamente de um dos participantes, e é até possível que o próprio Lucas fosse o discípulo cujo nome não foi dado. Outros, no entanto, consideram esse aspecto como sendo nada mais do que uma prova da arte literária de Lucas.

 

vv. 13,14. Naquele mesmo dia liga essa história firmemente com os outros acontecimentos no dia da ressurreição. Lucas não dá o nome dos discípulos acerca dos quais escreve, referindo-se simplesmente a dois deles. Localiza Emaús com exatidão, como estando a 10km de Jerusalém. Lucas não identifica o assunto da conversa deles, mas tudo o que tinha acontecido deve se referir às histórias do sepulcro vazio e dos anjos.

 

vv. 15, 16. O verbo "aproximar-se" pode se referir a uma abordagem de qualquer direção, mas como os dois falam de Jesus como sendo proveniente de Jerusalém (18), o significado deve ser que Ele os ultrapassou enquanto eles viajavam. Em certo número de ocasiões, o Cristo ressurreto não foi reconhecido de início (Mt 28:17; Jo 20:14; 21:4): assim também agora. Nessa ocasião a implicação parece ser que os discípulos foram de alguma maneira impedidos de reconhecer a Jesus. Estava dentro da providência de Deus que somente mais tarde viessem a saber quem Ele era. Talvez Lucas queira que entendamos "que não podemos ver o Cristo ressurreto, embora Ele esteja andando ao nosso lado, a não ser que Ele queira revelar-Se" (Ford).

 

vv. 17,18. A pergunta de Jesus acerca do assunto da conversa deles levou-os a parar, entristecidos. Claramente, tinham sido profundamente comovidos pela reviravolta dos eventos. Cleopas, agora introduzido pela primeira vez, não nos é conhecido fora dessa história. Entendia que os eventos acerca dos quais estava falando com seu amigo fossem do conhecimento de todos. O desconhecido, pensava ele, deve ser o único que, tendo estado em Jerusalém, ignora as ocorrências desses últimos dias. Por certo, era um tópico que estava sempre nos lábios de todos aqueles na capital naquela ocasião.

 

vv. 19,20. À pergunta de Jesus: Do que se trata? deram uma resposta iluminadora. Sua pergunta convida os dois para abrirem o coração para que Ele possa instruí-los na verdade que apenas o coração deles pode receber. Viam Jesus como sendo um profeta. Sua percepção da Sua Pessoa era limitada. Mesmo assim, na sua esperança na redenção (21), devem ter visto Jesus como algo mais. De qualquer maneira, ficaram impressionados pelas Suas obras bem como pelas Suas palavras, e as caracterizavam igualmente como sendo poderosas. Tinham visto em Jesus o poder de Deus. Mas, embora Ele tivesse esse caráter, explicaram que as autoridades judaicas O crucificaram. Nota-se que não são os romanos, mas, sim, os principais sacerdotes e as nossas autoridades que, aqui, tanto o entregaram quanto o crucificaram. A referência à Sua condenação à morte implica os romanos, mas a culpa principal é colocada diretamente sobre os judeus.

 

v. 21. A ausência de palavras como “Senhor”, “Messias” ou “Filho de Deus” indica que Jesus não era considerado maior que essas mesmas figuras. Mas a esperança desses dois (e talvez doutros; nós pode significar "nós, os cristãos") tinha sido que fosse ele quem havia de redimir a Israel. Tinham visto nEle o Libertador prometido. A redenção no mundo antigo significava o livramento mediante o pagamento de um preço. É inconcebível que Deus pagasse um preço a qualquer pessoa que fosse, de modo que quando Ele é o sujeito, o conceito é necessariamente modificado. Mas o exame apurado de tais passagens revela que tendem a transmitir o pensamento que Deus salva com algum custo (Ele pode, por exemplo, ser retratado ao fazer um grande esforço, visando os interesses dos Seus). Antes do Calvário, ninguém podia saber quão grande era o custo. Mas o uso do conceito da redenção expressa alguma coisa da esperança de Israel e da certeza de que Deus Se importa. O lamento suscinto de Cleopas resume o sentimento dos cristãos ao longo das era que concluem que, quando Deus não cumpre as esperanças deles, toda esperança está perdida. “O ponto importante aqui é que o sofrimento precede a glória; Jesus tem de morrer antes de poder viver... Na irônica jornada a Emaús, os discípulos vivos conversam sobre um Jesus morto, enquanto um Jesus vivo fala com discípulos sem vida.”

 

vv. 22-24. Os viajantes destacam entre aquilo que ficaram sabendo da parte das mulheres como sendo o túmulo vazio e uma visão de anjos. Não dizem quem foi para o sepulcro a fim de averiguar, mas o plural, alguns dos nossos, mostra que sabiam que Pedro não estivera sozinho. A história das mulheres tivera verificada a sua exatidão, pelo menos no que dizia respeito ao sepulcro vazio. Mas esses dois terminam, com tristezas: mas a ele (há ênfase nesta palavra) não o viram. Aparentemente, os que foram ver o sepulcro esperavam ver a Jesus; mas não o viram, e isso lançou certa dúvida sobre aquilo que as mulheres tinham dito.

 

vv. 25, 26. As palavras deles provocaram uma repreensão um pouco severa da parte do companheiro deles. Insensatos e demorados para crer: as palavras certamente estão muito longe de ser elogiosas, e demonstram que os dois fizeram menos do que razoavelmente se poderia esperar. Jesus passa a indicar que a raiz do problema é que eles não tinham aceito aquilo que se ensina nas profecias bíblicas. Os profetas tinham falado com clareza suficiente, mas as mentes de Cleopas e do seu companheiro não tinham sido suficientemente alertas para captar aquilo que queriam dizer. Jesus os repreende por lerem as Escrituras sem entender e sem acreditar. Seu problema não era de mente, mas de coração. A palavra tudo é provavelmente importante. Sem dúvida, tinham se apegado à predição da glória do Messias, mas era coisa bem diferente levar a sério as profecias que apontavam para o lado mais escuro da Sua missão. Mas o lado escuro estava ali, nas profecias. E isto quer dizer que a Paixão não era simplesmente uma possibilidade que poderia, ou não, se tornar uma realidade, dependendo das circunstâncias: era necessário. Já que estava escrita nos profetas, tinha de acontecer. O Cristo tinha de padecer. Mas esse não é o fim de tudo. Ele devia também entrar na sua glória. Deus não está derrotado. Triunfa através dos sofrimentos do Seu Cristo.

 

v. 27. Jesus começou um estudo bíblico sistemático. Moisés e todos os profetas formaram o ponto de partida, mas Ele também passou para as coisas que se referiam a Ele em todas as Escrituras. O retrato que recebemos é aquele do Antigo Testamento que, em todas as suas partes, aponta para Jesus. Lucas não dá indicação alguma de quais passagens o Senhor escolheu, mas torna claro que a totalidade do Antigo Testamento era envolvida. Talvez devamos entender isso, não como a seleção de um certo número de textos de prova, mas, sim, como uma demonstração de que, no decurso de todo o Antigo Testamento, um propósito divino consistente é desenvolvido, propósito esse que, no fim, envolvia, e devia envolver, a cruz. A qualidade terrível do pecado é achada em todas as partes do Antigo Testamento, mas assim também se acha o amor profundíssimo de Deus. No fim, essa combinação tornou inevitável o Calvário. Os dois tinham ideias erradas daquilo que o Antigo Testamento ensinava, e, portanto, tinham ideias erradas acerca da cruz.

 

vv. 28, 29. Quando se aproximavam do fim da sua viagem, parecia que Jesus ia passar adiante. Se não tivessem insistido que Ele ficasse com eles, não há motivo para pensar que Ele teria ficado. Não devemos interpretar as palavras como uma indicação de algum gesto teatral. Sem o convite, Ele não teria ficado. Mas os dois tinham ficado mais do que impressionados com Sua exposição da Bíblia e, portanto, o constrangeram a ficar com eles. Alguns consideram que eles foram para uma hospedaria, mas a única evidência é que Jesus tomou a iniciativa em partir o pão (30), que o hospedeiro normalmente faria. A ideia dificilmente parece adequada, e é muito mais provável que fossem para um lar. Que é tarde e o dia já declina significava que já estava na hora de cessar qualquer viagem normal. Depois do anoitecer, andar seria difícil em trilhas sem iluminação, e poderia haver perigos de salteadores ou de feras. Seria melhor fazer uma parada.

 

vv. 30, 31. Na mesa, Jesus passou pelos gestos familiares no começo de uma refeição judaica, embora normalmente teriam sido feitos pelo hospedeiro, e não por um hóspede. O pão era comumente partido durante a oração de ações de graças antes de uma refeição. Alguns têm visto aqui uma referência ao partir do pão no culto da Santa Ceia, mas esta parece ser forçada. Teria sido um culto muito estranho de Santa Ceia, interrompido na ação de abertura e, pelo que podemos ver, nunca completado. E teria sido completamente fora de lugar. De qualquer maneira, os dois não estavam presentes na Última Ceia (cf. 22:14; Mc 14:17), de modo que não poderiam ter relembrado as ações de Jesus naquela ocasião. Além disto, não se menciona o vinho.

Mesmo assim, algo na ação despertou uma lembrança, ou talvez agora vissem as marcas dos pregos nas mãos de Jesus pela primeira vez. Ou talvez fosse simplesmente o momento certo escolhido por Deus. Então os olhos deles se abriram (v. 31) significa que Deus escolheu esse momento para tornar claro que esse era Seu Filho. De qualquer maneira, o reconheceram. E quando O reconheceram, ele desapareceu da presença deles. As pessoas sentem com frequência a presença de Deus antes de reconhecerem ou articularem esse fato.

 

v. 32. O reconhecimento de que era o Senhor com quem andaram explicou-lhes o que lhes tinha acontecido na viagem. Lembravam-se como lhes tinha ardido o coração. Claramente, a exposição de Jesus os comovera profundamente. Diziam que Ele lhes expunha as Escrituras; quando Ele falava, o significado oculto nas palavras da Bíblia se tornava claro.

 

vv. 33-35. A reação imediata deles foi contar aos outros crentes. Parece que não completaram sua refeição, pois partiram na mesma hora (que quer dizer "imediatamente" e não "dentro de uma hora."). Os argumentos que tinham empregado com Jesus a respeito do avançado da hora aparentemente não pesavam de modo algum para eles agora. Em Jerusalém, acharam os onze e outros com eles, embora Lucas não diga quais eram esses outros. Mas estavam transbordando da notícia da ressurreição, porque o Senhor já apareceu a Simão! (cf. 1 Co 15:5). Não tinham estado dispostos a aceitar a palavra das mulheres, mas Simão era diferente. Se ele disse que vira Jesus, então O Senhor ressuscitou mesmo. Então, Cleopas e seu amigo contaram acerca da sua caminhada com Jesus e como Ele Se tornou conhecido no partir do pão. A maneira de Ele Se fazer reconhecer claramente os impressionara.

 

d. Jesus aparece aos discípulos (24:36-43)

 

É razoavelmente óbvio supor que este é o mesmo aparecimento que se descreve em João 20:19ss., mas as diferenças entre os dois relatos demonstram que são independentes. Nada se diz aqui sobre Jesus soprando sobre os discípulos, nenhuma referência ao Espírito Santo ou à declaração que os pecados são perdoados ou retidos. Mas os dois relatos se referem ao mesmo horário no Dia da Páscoa; nos dois, Jesus mostra as marcas das Suas feridas, e nos dois há provavelmente a saudação da paz.

 

v. 36. Este incidente se segue imediatamente após a volta dos dois de Emaús. Falavam ainda essas coisas quando Jesus apareceu. Lucas não fala, como fala João de "portas fechadas (i.é, trancadas)", mas isso parece ser a implicação de Jesus aparecer no meio deles. O Senhor ressurreto não era preso pelas limitações que assediam os homens em geral, e Seus aparecimentos e desaparecimentos repentinos sublinham esse fato. Que a paz esteja com vocês consta também em João. É a saudação normal daqueles dias.

 

v. 37. Não é surpreendente que os discípulos ficaram surpresos. Afinal das contas, o aparecimento repentino do Senhor ressurreto no meio deles deve ter sido um susto. Que estavam atemorizados não é tão facilmente explicável. Os dois de Emaús tinham acabado de dizer que "O Senhor ressuscitou." Mas uma coisa é aceitar semelhante declaração feita por outrem acerca de uma Pessoa ausente, e coisa bem diferente é aceitá-la para si mesmo quando a Pessoa está repentinamente presente, a despeito das portas trancadas. Não admira que acreditavam estar vendo um espírito, isto é, um fantasma! O medo deles era a reação natural diante do sobrenatural.

 

vv. 38-40. Jesus passou a acalmar e consolar Seus seguidores. Primeiro, perguntou a razão por estarem perturbados e pelas dúvidas deles. É bom colocar as dúvidas numa posição aberta e ver o que a causa. O convite para tocar nEle e a referência à carne e ossos demonstra que o corpo ressurreto tinha aspectos físicos, ou pelo menos que podia conformar-se, segundo a vontade de Jesus, às leis físicas. Vejam as minhas mãos e os meus pés é provavelmente um convite para olhar as marcas das Suas feridas como meio de verificar que era o próprio Jesus que estava em pé diante deles. Apalpá-Lo mostraria Ele não era um fantasma. O v. 40 indicam que Jesus fez aquilo que Suas palavras subentenderam, e mostrou aos discípulos os lugares onde estavam as marcas dos pregos.

 

vv. 41-43. Agora parecia ao pequeno grupo que tudo isso era bom demais para ser verdadeiro. Não acreditarem... por causa da alegria. Jesus, portanto, dissipou sua descrença ao pedir alimento que passou a comer diante deles: um pedaço de peixe assado.

 

e. O cumprimento das Escrituras (24:44-49)

 

O cumprimento das Escrituras é um tema principal de Lucas. Entende que Deus declarou Seu propósito naqueles escritos antigos e que depois cumpriu o que prenunciara. Ele não era frustrado pelas maquinações dos homens ímpios.

 

v. 44. São estas as palavras que eu vos falei: "era necessário que se cumprisse tudo o que está escrito a respeito de mim na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos." Jesus incluíra no Seu ensino um número suficiente de prenúncios da Paixão e da Ressurreição para Seus seguidores não serem surpreendidos com aquilo que aconteceu. Podia dizer: estando ainda com vocês, porque Sua presença agora (e noutras ocasiões) era excepcional. A divisão solene das Escrituras na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos (as três divisões da Bíblica Hebraica) indica que não há parte alguma da Escritura que não dá testemunho a Jesus. Este, aliás, parece ser o único lugar no Novo Testamento onde esta tríplice divisão é explicitamente mencionada.

 

vv. 45,46. Assim como na estrada de Emaús, lhes abriu o entendimento (32). Demonstrou que a Bíblia indica um Messias que padeceria e ressuscitaria. Mais uma vez, Lucas torna claro o fato sem nos contar quais eram as passagens das quais Jesus dependia para comprovar Seu argumento. O Senhor ressurreto é a Palavra viva que sozinha esclarece e interpreta a palavra escrita.

 

vv. 47,48. Nesta ocasião, Jesus foi além de mostrar como a profecia foi cumprida na Sua Paixão e Ressurreição. Segue-se dos Seus atos salvíficos que o arrependimento para remissão de pecados deve ser pregado. Diz-se frequentemente que Lucas não vê a cruz realizando uma função expiadora, de modo que são importantes essas palavras que vinculam o perdão com a Paixão. Lucas talvez não ressalte a expiação da mesma maneira que alguns outros escritores do Novo Testamento a ressaltam, mas está ali. Em seu nome liga esse arrependimento e perdão com aquilo que Jesus é e fez. Os homens são chamados a um arrependimento baseado em princípios gerais e para receber um perdão sempre disponível. Lucas está falando acerca daquilo que Cristo fez em prol dos seres humanos e que está disponível através dEle. Não é um perdão mesquinho, disponível para algumas almas piedosas e nacionalistas, mas, sim, para todos os homens.

 

Começando em Jerusalém, O evangelho deve ser pregado a todas as nações, e o testemunho a Cristo deve ser dado. As duas ações deveriam ser realizadas por discípulos que nesta ocasião estavam em Jerusalém. Era ali que seu testemunho começaria, e era ali que a evangelização das nações começaria.

 

vv. 49. O Jesus ressurreto tem o poder para enviar o Espírito. Sua autoridade não é limitada como era durante os dias do Seu ministério terrestre. A promessa de meu Pai é uma designação incomum do Espírito Santo, e ressalta o lugar da promessa divina na Sua vinda. Os discípulos não devem tentar a tarefa da evangelização com seus próprios escassos recursos, mas, sim, devem aguardar a vinda do Espírito. O equipamento que Ele forneceria é descrito de forma pitoresca em termos de os discípulos serem revestidos do poder que vem do alto. A nota de poder é significante, e do alto lembrava a eles (e nos lembra também) qual é a fonte de todo o verdadeiro poder para a evangelização.

 

f. A ascensão (24:50-53)

 

A ascensão é descrita mais plenamente no segundo volume de Lucas (At 1:9-11). Aqui, contenta-se em citar o fato principal e deixar-nos com um quadro dos discípulos que adoravam e se regozijavam. O relato é bem curto. Lucas já tinha escrito mais do que a maioria dos rolos de papiro podiam conter, e está claramente apressando-se para o fim deste volume. Não explica em detalhes o que ele quer dizer com a ascensão, mas é difícil crer que ele pensasse que Jesus subisse verticalmente e parasse uns dois ou três km. acima da terra. Mas claramente pensava na ressurreição como algo que realmente aconteceu. Conforme sustenta C. F. D. Moule, devemos estar prontos a atribuir à ascensão em Lucas o mesmo tipo de historicidade que atribuímos aos aparecimentos depois da ressurreição e à transfiguração. E a ascensão difere radicalmente do fato de Jesus ter desaparecido diante dos olhos dos discípulos em Emaús (24:31), e de acontecimentos semelhantes. Há um ar de algo definitivo neste caso. É o fim decisivo de um capítulo e o começo de outro. É a consumação da obra terrestre de Cristo, a indicação aos Seus seguidores de que Sua missão é cumprida, que Sua obra entre eles veio a um fim decisivo. Já não mais podem esperar vê-Lo segundo a antiga maneira.

 

Os teólogos também veem na ascensão o levar para o céu da humanidade de Jesus. A encarnação não é alguma coisa casual e fugaz, mas, sim, uma ação divina com consequências permanentes. E. Moule argumenta que, se a ascensão importa em levar a humanidade de Cristo para o céu, "significa que, com ela será levada a humanidade que Ele redimiu – aqueles que são de Cristo na Sua vinda. É uma expressão poderosa da redenção deste mundo, em contraste com o mero escape dele.”

 

vv. 51-52. Jesus tomou a iniciativa e levou os discípulos para Betânia. Em At 1:3, ficamos sabendo que quarenta dias decorreram entre a ressurreição e a ascensão. Betânia ficava nas encostas do Monte das Oliveiras, e a ressurreição ocorreu a partir de algum lugar desta colina. Lucas descreve este evento com muita simplicidade. Fala apenas que Jesus foi separado dos discípulos no ato de abençoá-los.

 

vv. 52, 53. Seja qual tenha sido o conceito deles da Pessoa dEle durante Seu ministério, a Paixão e a Ressurreição, e agora a Ascensão, convenceram-nos que Ele era divino. Ele era digno de ser adorado, e deram-Lhe Sua devida homenagem. A adoração é a resposta deles à Sua ascensão. É interessante que o sentimento deles nesta despedida final não era de pesar mas, sim, de grande júbilo (cf. Jo 14:28). Estavam entendendo mais do que tinham entendido previamente. Lucas começou seu Evangelho no Templo (1:5). Agora o termina, com os discípulos sempre no templo, louvando a Deus. É um reconhecimento condigno da graça que Deus demonstrou de uma maneira tão singular nos eventos que narrou.



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