Lidando com o Sofrimento | Parte II
- Christian Lo Iacono
- 3 de jan.
- 17 min de leitura
Atualizado: 8 de jan.
3 Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos,4 para uma herança que não pode ser destruída, que não fica manchada, que não murcha e que está reservada nos céus para vocês,5 que são guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para ser revelada no último tempo.6 Nisso vocês exultam, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejam contristados por várias provações,7 para que, uma vez confirmado o valor da fé que vocês têm, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado pelo fogo, resulte em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo.8 Mesmo sem tê-lo visto vocês o amam. Mesmo não o vendo agora, mas crendo nele, exultam com uma alegria indescritível e cheia de glória,9 obtendo o alvo dessa fé: a salvação da alma.
10 Foi a respeito desta salvação que os profetas indagaram e investigaram. Eles profetizaram a respeito da graça destinada a vocês,11 investigando qual a ocasião ou quais as circunstâncias oportunas que eram indicadas pelo Espírito de Cristo, que neles estava, ao predizer os sofrimentos que Cristo teria de suportar e as glórias que viriam depois desses sofrimentos.12 A eles foi revelado que, não para si mesmos, mas para vocês, ministravam as coisas que, agora, foram anunciadas a vocês por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, lhes pregaram o evangelho, coisas essas que anjos desejam contemplar.
13 Por isso, preparando o seu entendimento, sejam sóbrios e esperem inteiramente na graça que lhes está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo.14 Como filhos obedientes, não vivam conforme as paixões que vocês tinham anteriormente, quando ainda estavam na ignorância.15 Pelo contrário, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem,16 porque está escrito: "Sejam santos, porque eu sou santo."
17 E, se vocês invocam como Pai aquele que, sem parcialidade, julga segundo as obras de cada um, vivam em temor durante o tempo da peregrinação de vocês,18 sabendo que não foi mediante coisas perecíveis, como prata ou ouro, que vocês foram resgatados da vida inútil que seus pais lhes legaram,19 mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem defeito e sem mácula.20 Ele foi conhecido antes da fundação do mundo, mas foi manifestado nestes últimos tempos, em favor de vocês.21 Por meio dele, vocês creem em Deus, o qual o ressuscitou dentre os mortos e lhe deu glória, para que a fé e a esperança de vocês estejam em Deus.
22 Tendo purificado a alma pela obediência à verdade, e com vistas ao amor fraternal não fingido, amem intensamente uns aos outros de coração puro.23 Porque vocês foram regenerados não de semente corruptível, mas de semente incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente.
Algumas semanas atrás, começamos a falar sobre o tema do sofrimento. Vimos que é importante ouvir o que nossas dores têm a nos dizer. A primeira coisa é que (1) você vive em um mundo caído. A nossa vida é mais poderosamente formada por como sofremos do que pelo fato de que sofremos. A segunda é que sua dor está anunciando que (2) tem alguma coisa errada com você. O desapontamento e as desilusões com a vida podem ser o alarme de Deus, apontando para o fato de que seus sonhos têm governado o seu coração mais do que você jamais imaginou. Além disso, a sua dor também está dizendo que (3) o seu sofrimento não está normal. Algo está muito errado se você não se importa ou até mesmo fica alegre com o sofrimento de outra pessoa. Esse ódio bem fundamentado do pecado e dos seus efeitos vai levar cada um de nós a procurar e celebrar a redenção.
Além disso, a sua dor também está anunciando que (4) você não está sozinho. Parte da dor do sofrimento é nos sentirmos como se tivéssemos sido erradamente transformados em alvo. Mas você tem mais amigos em meio ao sofrimento do que jamais percebeu. Mais importante, você tem um amigo no sofrimento, Jesus (Hb 4.15-16). Por fim, a sua dor também está anunciando que (5) o melhor está por vir. A dor e o desapontamento não deveriam somente fazer você faminto por uma vida melhor, mas também por um mundo melhor: “Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós” (Rm 8.18, 24-25).
A Primeira Epístola de Pedro é o tratado sobre sofrimento mais claro e concentrado da Bíblia; assim, faz sentido que ele comece com um sumário da história de redenção de Deus. Quando você está no meio do doloroso calor da dificuldade, é muito difícil manter a figura maior em mente. É muito fácil que a sua cosmovisão fique tão pequena quanto a dificuldade que está vivendo naquele momento. Quando isso acontece você começa a viver mais para sobreviver do que por um propósito. Pedro está dizendo no versículo 3: “Você não vê que desde antes da fundação da terra Deus está trabalhando em seu novo nascimento? Ele tem um único foco: redenção". Somos irmãos na mesma história da redenção.
Nos versículos quatro e cinco, Pedro está dizendo: “Você não sabe que, por causa do que Cristo fez por você, o seu futuro está garantido?” Ele diz que nós temos uma “herança que não pode ser destruída, que não fica manchada, que não murcha”. Mas preste atenção no que Pedro diz depois. Ele diz não somente que a nossa herança está segura e garantida, mas que nós somos diariamente "guardados pelo poder de Deus", de forma que, quando for o momento de recebermos a nossa herança, estaremos lá para recebê-la.
Imagine que você coloque as economias de sua vida em um banco local e o gerente te ofereça um contrato dizendo que nada vai tocar o seu investimento, nunca. Mas imagine comigo que ele também diga: "além disso, para ter certeza de que você aproveitará o seu investimento quando realmente valer a pena, eu contratei o melhor médico do mundo, o melhor cozinheiro, o melhor personal trainer e o melhor serviço de segurança do país para proteger você". É mais ou menos isso que Pedro está dizendo. Nós temos um futuro absolutamente garantido e absolutamente previsível. Estamos sendo protegidos pelo poder de Deus a cada dia de forma que estaremos lá para usufruir o que Deus tão fielmente guardou para nós!
Portanto, considere como passado e futuro podem alterar a forma que você vê as dificuldades no momento. Nós não podemos permitir que a dificuldade presente fique tão grande aos nossos olhos que bloqueie a nossa visão do passado e do futuro. Mesmo o momento mais significante em sua vida não passa de uma peça em sua história pessoal. A sua história vai desde antes dos fundamentos do mundo serem lançados até as regiões distantes da eternidade.
Sem desconsiderar o que você está passando agora, é vital relembrar que Deus subordinou as forças da natureza, controlou os eventos da história humana e enviou e sacrificou o seu único Filho a fim de dar a você novo nascimento. Não importa quão difíceis as dificuldades do presente pareçam, você precisa dizer a si mesmo: "Isso não é o ponto final para mim, porque eu tenho um futuro rico e eterno que foi assegurado e garantido. Não importa o que esteja em jogo no momento, isso não pode me roubar da nova vida e da esperança eterna que Deus me tem dado, e elas são as únicas coisas pelas quais vale a pena viver”.
E agora, o agora
Embora as perspectivas do passado e do futuro do sumário de Pedro sejam empolgantes, seu foco primário é o agora. Pedro está respondendo à pergunta que nós tão frequentemente fazemos: "O que está acontecendo?" Uma forma mais bíblica de construir a pergunta é: "O que Deus está fazendo?" A forma de responder a essas duas perguntas vai afetar profundamente a maneira como você lida com as bênçãos e as tribulações.
Ao definir e explicar o que Deus está fazendo agora, Pedro diz que "no presente, por breve tempo, se necessário, sejam contristados por várias provações". Neste tempo entre o "passado" e o "futuro", provações de dores são realidades inevitáveis. Você e eu gostaríamos de ser espertos o suficiente para evitar dificuldades e todo o sofrimento que vem com elas, mas não somos, e Pedro nos diz o porquê. Ele diz que essas provações vêm para que (cláusula de propósito) a sua fé seja refinada. É aqui que encontramos uma metáfora poderosa, que explica a razão pela qual o período "agora" é um tempo de provação e dor "inescapáveis".
Pedro está usando uma metáfora poderosa do mundo da metalurgia. Quando um metalúrgico mina o metal, ele está em um estado de minério, com uma mistura de impurezas. Isso significa que há corrupções inerentes ao metal que o roubam de sua força e beleza. A fim de trazer o metal ao seu estado mais puro, o metalúrgico aplica um calor fortíssimo e branco, até que o minério seja liquefeito e entre em ebulição. Nesse processo, as impurezas são expulsas por meio do fervor, e o minério se torna fundamentalmente mais forte e mais belo do que antes.
O que são as provações? Elas são a panela de fervura de Deus. Quando conhecemos a Cristo, chegamos a ele como cristãos corrompidos por impurezas. Estamos levando corrupções inerentes dentro de nós, que nos roubam de nossa força e beleza. Assim, Deus, na grandeza e fidelidade de seu amor redentivo, coloca-nos para ferver. As dificuldades que aparecem em nosso caminho não são um sinal de sua infidelidade e desatenção. Não, elas são uma indicação do seu amor. Ele sabe que ainda não somos aquilo que deveríamos ser. Ele nos escavou para fora da mina, mas nós precisamos ser refinados.
Agora, por que é tão difícil lidar com isso? Eu acredito que é porque somos propensos a viver com uma mentalidade de chegada. Queremos que a vida seja fácil, alegre e tão boa quanto possível, imediatamente no aqui e agora. Porém, esse não é o tempo da chegada. Pedro diz que a chegada ao nosso destino final está garantida, mas, por hora, não teremos isso ainda. Agora é um tempo de preparo. É um tempo de crescimento pessoal e mudança; assim, Deus aplica o fortíssimo calor branco para nos preparar para o destino que está por vir.
Pense a respeito das lutas da meia-idade a partir dessa perspectiva. Por que esse estágio da vida tem de ser marcado por provação dolorosa? Porque isso é exatamente o que Deus designou, a fim de completar a coisa maravilhosa que começou em nós. A sua luta não está acontecendo porque o cristianismo não funciona, ou porque as promessas de Deus não são confiáveis, ou porque Deus não é fiel. A sua luta é, na verdade, uma prova da presença, da fidelidade e do amor de Deus. Ele está perto de você e ama muito a você para te deixar em seu estado bruto. Ele está fervendo você até que chegue no estado mais perfeito de força e beleza, a semelhança de Cristo.
Precisamos pregar a teologia da graça desconfortável uns para os outros. Pedro diz que as provações que no entristecem são provações da graça. Deus está paciente e perseverantemente fazendo exatamente aquilo que prometeu. Ele está nos livrando do pecado e nos formando à imagem do seu Filho. Creio que muitas vezes, enquanto pensávamos sobre a presença, ou não, da graça de Deus, e clamávamos por ela, nós na verdade a estávamos recebendo. O problema é que estamos buscando a graça da libertação, quando Deus sabe que precisamos da graça do refinamento. Durante esse período "agora" de preparação, a graça de Deus virá repetidamente a nós em formas desconfortáveis.
É esse o ponto onde geralmente temos uma agenda de conflito com nosso Senhor. Nós não ficamos muito empolgados com o sermos como Cristo e santos. Em vez disso, ficamos empolgados com o estar ao lado de pessoas que nos amam e nos afirmam. Ficamos empolgados com filhos que crescem e fazem o que é certo. Ficamos empolgados sobre fazer planos que se tornem realidade. Ficamos empolgados com saúde física. Ficamos empolgados com investimentos que deem um bom retorno. Ficamos empolgados em ter uma vida segura, com sucesso, sem estresse e previsível.
O problema com todas essas coisas não é que elas sejam erradas de se desejar. O problema é que nós nos contentamos com muito, muito pouco. E ficamos surpresos, chocados e desapontados quando Deus bagunça os nossos planos a fim de nos refinar. Veja, Deus tem planejado coisas maiores e melhores do que aquilo que queremos para nós mesmos. Ele não fica feliz quando estamos satisfeitos com facilidade situacional e relacional. Ele não vai descansar por nada menos do que nos tornar participantes de sua natureza divina (2Pe 1.4).
Como você avalia um dia bom? Você tende a celebrar dias fáceis e sem obstáculos e a amaldiçoar os dias em que as dificuldades aparecem no seu caminho? Quão pequena é a tribulação que consegue fazer você ficar irado? Quão rapidamente você questiona a Deus e a sua bondade? Quão capaz você é de insultar outros que parecem ter entrado no caminho dos seus planos? Quanto você inveja a aparente facilidade de vida dos outros? Quanto é que a sua alegria e contentamento estão diretamente conectados a conforto e facilidades? Você está em uma colisão de agendas com Deus? Você vive com uma mentalidade de chegada, amaldiçoando o calor da preparação, quando ele aparece em seu caminho?
A história de Deus e as lutas da meia-idade
Você não pode ler 1Pedro 1, Romanos 5 ou Tiago sem concluir que há um propósito redentivo na dor das lutas da vida. Pedro é bastante claro no versículo 9, "obtendo o alvo dessa fé: a salvação da alma". Naqueles momentos quando você se sente tentado a ver a si mesmo como um perdedor, na verdade você está ganhando. Naqueles momentos em que você é tentado a ser capturado por aquilo que não recebeu, está recebendo algo que é de dignidade eterna. Naqueles momentos quando parece que a vida passou você para trás e Deus se esqueceu de você, na verdade, você é o objeto do seu amor redentivo focado e produtivo.
Naqueles momentos quando você sente que perdeu a vontade de lutar, Deus está lutando pela tua alma. O remorso doloroso, o desapontamento de sonhos desfeitos e o espectro desalentador da idade avançada são, nas mãos do Senhor, as panelas ferventes da redenção. Ele está libertando você da escravidão de seus próprios sonhos e do falso refúgio em coisas físicas que estão progressivamente se deteriorando.
Pedro te convoca a olhar para além do remorso e do desapontamento, para abraçar a glória do refinamento. Deus ama tanto a você que é impossível para ele ficar satisfeito em mantê-lo no estado bruto. Sim, você vai experimentar perda e desapontamento. Sim, você vai olhar para trás e ser inundado pela dor do remorso.
Sim, você não vai mais voltar à sua juventude. Mas cada uma dessas experiências é planejada por Deus para produzir uma colheita de frutos bons em você. Não é correto somente lamentar aquilo que perdeu, mas você também deve celebrar a redenção que será encontrada no meio disso.
Pedro segue o seu sumário com um conjunto de diretivas. Ao fazê-lo, essencialmente está dizendo: "Se é isso que Deus está fazendo, então, o que se segue é a única forma apropriada de responder a ele". Em outras palavras, essas diretivas dizem a você como é viver dentro do enredo da história de Deus, no contexto das situações e relacionamentos do dia a dia. Escritas para pessoas sofredoras, essas diretivas falam com poder e praticidade à dor, dificuldade, desapontamento e sofrimentos.
E agora, um plano prático
Talvez você esteja dizendo: "Certo, eu entendi a história redentiva de Deus, mas eu não sei como é viver como parte do enredo". Nos versículos que se seguem (1Pe 3.13-23), Pedro nos dá um plano. As Escrituras não lhe dizem qual casa e carro comprar. Não te dizem as palavras exatas que devem ser ditas aos seus vizinhos, pais, filhos, marido, esposa ou amigos. Não te dizem exatamente onde viver, nem exatamente o que fazer com os seus reais. Não te dizem como investir na terça à noite ou no sábado de manhã. Não te dizem qual igreja frequentar ou que trabalho procurar. Não te dizem exatamente com quem se casar ou quem você deveria procurar como amigo. A Bíblia não dá a você a partitura, mas proporciona tudo o que você precisa para viver em harmonia com o Deus que escreveu a melodia.
Talvez desejemos a partitura ou o roteiro porque, na verdade, não queiramos realmente viver em comunhão pessoal de fé com o Messias. Não queremos depender de sua sabedoria, de sua provisão, de sua graça e de sua força. Não queremos questões, dilemas, obstáculos e mistérios em nossa vida. Queremos que nossa vida seja confortável e previsível. Mas Deus quer a nós. Ele nos quer em uma devoção livre e dependente dele. Deus não está trabalhando para construir a melhor vida para nós; ele está trabalhando em nos reconstruir. Assim, ele fala conosco de maneiras que nos chamam a humildemente depender de sua presença ativa e amor gracioso.
As diretivas de Deus falam a cada questão da experiência humana. As sete diretivas que Pedro coloca diante de nós são a sinalização da chave e do tempo para uma vida harmônica com Deus:
1. Seja cuidadoso com aquilo que você pensa (v. 13). Muito do problema que trazemos para nós durante os anos da meia-idade está enraizado em pensamentos pobres e antibíblicos. Nós somos todos intérpretes, a cada dia lutando para compreender a nossa vida, e o que fazemos está baseado nessas interpretações. Visto que os nossos pensamentos precedem e determinam as nossas ações, as escolhas infelizes que fazemos e as atitudes infelizes que temos estão enraizadas em pensamentos infelizes. A Bíblia analisa e interpreta a vida para nós. Quando nos colocamos nos padrões mais altos do pensamento bíblico, nos colocamos na melhor posição para responder a vida da maneira correta. Onde é que você se permitiu pensar de maneiras que simplesmente não estão de acordo com aquilo que Deus afirma ser verdadeiro?
2. Seja autocontrolado (v. 13). Durante os momentos de desencorajamento e desapontamento, você será assaltado por emoções e desejos poderosos. As pessoas frequentemente caem no erro de ir aonde as suas emoções e os seus desejos os estão levando e terminam fazendo coisas que, apesar de qualquer conforto temporário que tragam, somente produzem uma colheita de frutos amargos. Em nossa união com Cristo, o poder do pecado sobre nós foi quebrado, e o Espírito Santo que habita em nós batalha com a nossa natureza pecaminosa em nosso lugar. Com esses grandes dons, podemos ficar de pé em meio às emoções e desejos furiosos e nos voltarmos para outra direção. Aonde você está falhando em exercer o autocontrole, que é uma capacidade sua como filho de Deus?
3. Preste atenção aonde você coloca a sua esperança (v. 13). Você está sempre perseguindo algum tipo de esperança. Há sempre algum sonho que lhe motiva e organiza as suas ações. Vivemos frequentemente um tempo de esperanças frustradas. Como pecadores, tendemos a colocar a nossa esperança mais na criação do que no Criador. E visto que temos colocado a nossa esperança em coisas que não podemos controlar e que estão desvanecendo, nossas esperanças nos desapontam nova e novamente. Qual esperança capturou você? Facilidade financeira? Saúde contínua? Amor familiar? Sucesso Profissional? Afirmação e respeito daqueles à sua volta? A meia-idade é um tempo maravilhoso para avaliação de nossas esperanças. É um tempo quando podemos aprender como nunca antes a colocar a nossa esperança no único lugar onde ela nunca vai nos desapontar: no Senhor.
4. Não dê espaço para desejos maus (v. 14). Vivemos em meio a tentações. Há a tentação do egoísmo. Você viveu a sua vida para servir, proteger e prover para outras pessoas, e você só quer fazer algumas coisas para si mesmo. Há a tentação sexual. A pessoa com quem você se casou simplesmente não é mais tão jovem e atraente. O relacionamento sexual de vocês não é tão empolgante. Seu relacionamento com seu cônjuge pode ser bastante casual e mundano. De repente, seus olhos veem coisas que você não havia reparado antes. Há desejos que você não tinha antes dessa forma. Ou há a tentação do materialismo. Você acha que pode lutar contra desassossego interno usando prazeres externos. Você pode ter um pouco mais de dinheiro agora e há muitas coisas sem as quais você é tentado a sentir que não pode viver. E há a tentação de duvidar de Deus. Você olha para trás pensando se segui-lo tão fielmente realmente valeu a pena. A meia-idade é um momento em que é vital lutar a guerra do desejo, porque àquilo que você entrega o seu coração, mais cedo do que você pensa, você entregará também o seu corpo. Onde a guerra do desejo está sendo travada em sua vida neste momento? Quão bem você está lutando?
5. Seja comprometido com fazer o que é correto, não importa a situação (v. 15). Não há nada que Deus jamais tenha pensado, desejado, falado ou feito que não seja essencial e absolutamente santo! Esse padrão é o nosso padrão para a vida diária. Quando está fazendo o balanço de sua vida e não parece que ela valeu a pena, e você se encontra abatido e desencorajado, é muito tentador baixar a guarda. É muito tentador parar de fazer as coisas boas e corretas que Deus nos chamou para fazer todos os dias. Frequentemente, o próprio momento em que estamos sendo tentados a baixar a nossa guarda moral e espiritual é exatamente o momento quando precisamos dela mais do que antes. Onde é que você baixou a sua guarda e permitiu que coisas erradas se arrastassem sutilmente de volta para a sua vida?
6. Viva como um estrangeiro (v. 17). Talvez você esteja pensando: "Eu entendo como todas as outras diretivas se encaixam, mas essa não faz sentido". Deixe-me explicar. Se aquilo que estamos vivendo não é um tempo de chegada, mas de preparo, então deveríamos viver aqui como peregrinos. As Escrituras dizem que deveríamos ser como aqueles que habitam em tendas, olhando a nossa vida como um acampamento. Estou convencido de que uma coisa boa sobre um acampamento que dura muito tempo é que ele nos faz ter saudades e apreciar a nossa casa. Nos primeiros dias no local do acampamento você ama a sua barraca e a forma como uma comida feita sobre as brasas tem um gosto diferente. No quinto ou sexto dia, você está cansado de dormir no chão desconfortável e comer comida com areia, e começa a sentir saudades de casa. Você pensa a respeito da sua geladeira e do fogão maravilhosos que você tem. Você se apaixona por seu colchão novamente. Você tem uma apreciação mais profunda pelo seu chuveiro que não tinha há muito tempo. Acampar faz em seu coração exatamente aquilo que deveria fazer.
Agora, você perde completamente o ponto do "acampamento" em um chalé de altíssimo luxo com comida preparada por um chefe famoso, uma televisão de 50 polegadas com todos canais da TV por assinatura. Dessa forma o seu acampamento fica melhor do que a sua casa. Assim, Pedro diz, não gaste todo o seu tempo e esforço procurando fazer a vida tão confortável quanto possível. Lembre-se, todas aquelas coisas físicas nunca poderiam comprar vida espiritual, aquilo sobre o que a vida realmente diz respeito. Viva como um estrangeiro. Entenda que você não está em casa e trate essa vida como a jornada que ela é. Viva com um olho na eternidade e faça tudo o que puder para participar da preparação que Deus está fazendo em você. A meia-idade pode ser um momento de desapontamento enorme com relação ao conforto físico nunca alcançado ou perdido. Pode ser um momento em que ficamos tentados a comprar todos os mimos que nunca conseguimos pagar, e que agora não precisamos de fato. Exatamente agora, você tem tentado viver mais para o conforto presente do que como um peregrino se preparando para ir para casa?
7. Dedique-se a viver uma vida de amor (v. 22). A vida nesse mundo caído é difícil para todos. Ela afugenta a nossa perseverança e esperança e ataca as fronteiras de nossa fé. A Escritura é muito clara de que o objetivo nunca foi que vivêssemos isso sozinhos. A vida é um projeto comunitário. A meia-idade, um momento em que frequentemente as pessoas estão menos ocupadas do que antes e, portanto, mais capazes de amar e servir a outros, frequentemente se torna um momento marcado por egoísmo e amor próprio. Sentimos como se tivéssemos completado o nosso tempo. Nós nos entregamos a outros e trabalhamos duro; agora simplesmente queremos um pouco de tempo para nós mesmos. No entanto, há diversas pessoas à nossa volta que poderiam se beneficiar de nossa experiência, poderiam ser ajudadas pelo nosso investimento de tempo e usar os recursos com os quais fomos abençoados. Quem próximo de você está lutando com a vida nesse mundo caído? Quem é que Deus está te chamando para amar em palavra e ação? A sua vida é marcada por um amor dedicado a outros ou por devoção a si mesmo?
A história de Deus, de sofrimento e redenção, realmente dá sentido às lutas. A questão é: "Você está vivendo em meio aos seus desapontamentos e problemas de maneira compatível com o enredo da história de Deus?" No meio daquilo que parece ser terrivelmente ruim, Deus está fazendo coisas boas. Você está tocando música em harmonia com ele? O sofrimento é uma das panelas de fervura mais efetivas de Deus. A graça de Deus não somente está fazendo com que você se sinta desconfortável, ela está refinando você. Não duvide da bondade do Pai. Não questione o amor dele. Não se permita fugir dele. Corra em direção a ele em fé e amor e seja grato pelo fato de que ele ama tanto a você que se recusa a se afastar até que aquilo que começou em você fique totalmente completo.
Assista o Sermão completo no Youtube:
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