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Foto do escritorCarolina Lo Iacono

O Poder do Remédio


Como doença grave e genética, o pecado tem se manifestado em todos os seres humanos desde a queda no jardim do Édem. Por sua misericórdia e graça, Deus nos oferece o único remédio capaz de sanar esse mal: o sacrifício do seu Filho Unigênito na cruz em nosso lugar. Pela fé, somente, somos convidados a receber a medicação salvadora que não requer de nós nenhum esforço, mas que afetará completamente nossa “saúde”. 

Mas embora tenhamos sido alcançados pela graça redentora de Cristo Jesus, continuamos vivendo nesta terra sentindo, ainda, os efeitos da natureza pecaminosa herdada de Adão. O nascimento espiritual é o começo da nova vida que continuará sendo nutrida. Precisamos lembrar que o mesmo Evangelho que trouxe cada um à fé é o mesmo que nos manterá firmes nela. Somos como aqueles doentes que nunca se livram totalmente do seu mal, pois têm doença sem cura, mas seguem o tratamento para diminuir os seus efeitos e terem qualidade de vida, mantendo a doença sob controle. Assim como quando se esquece de tomar uma dose, ou como quando na primeira melhora dos sintomas se deixa de lado a medicação, a velha natureza mostra sua força, guerreando contra a nova que foi herdada em Cristo.


As células “doentes” continuam no corpo, e a qualquer momento podem voltar à ativa. Alguns crentes olham para trás, e embora perdoados, tendem a analisar-se sob a ótica da Lei, outros, embora salvos, se esforçam para guardar preceitos com o fim de serem aceitos por Deus, também há quem considere determinada doença ou dificuldade como resultado de não guardar a Lei corretamente. Mas também podemos encontrar quem diga que pecado é algo inevitável, e que todos pecam deliberadamente.

A verdade é que Cristo não veio para justificar o pecado, mas sim o pecador. A vida do cristão é uma vida de morte para o pecado (Pless, Manejando bem a Palavra da Verdade, p. 98). Em Romanos 6.12 o apóstolo Paulo discute a questão, demonstrando que Cristo é o Senhor na vida do cristão, não mais o pecado que o mantinha preso anteriormente. É preciso reconhecer o perigo real que o pecado representa: ele prejudica nossa relação com Deus e com as outras pessoas, e quando não examinado, ou impenitente, pode causar a destruição da fé que um dia  recebeu o perdão conquistado na cruz. Dessa forma, a correta pregação que bem distingue Lei e Evangelho mostra ao descrente o seu pecado e sua inconformidade com a perfeição da Lei, para que este se arrependa e creia em Cristo como Salvador. Já para o crente, essa pregação visa abrir os olhos para que se arrependa, e veja no perdão que tem em Cristo o poder que o ajudará a vencer o pecado a cada dia. Assim como a dosagem da medicação é prescrita de acordo com o paciente, o cristão identifica o pecado em sua vida e aplica a “dose” necessária do Evangelho de Cristo para aquela área; aquele que enfrenta desejos impuros, quem pensa em pegar mais dinheiro do que o patrão lhe permitiu, quem duvida de algo das Escrituras, quem guarda rancor de seu cônjuge etc. A pregação do Evangelho nos cultos é algo que nos ajuda nessa identificação. A partir do perdão do pecado é que é possível encontrar a ajuda para superar sua força contínua. 

Quem prega ou compartilha a Palavra com a correta distinção entre Lei e Evangelho é como aquele paciente que primeiro teve a real noção da gravidade da doença, pois ele também a tem, e então é o pecador que prega a pecadores, o doente que fala a doentes sobre a real face da enfermidade, quão terrível ela é, e quão necessário se faz o uso do único remédio capaz de curá-la. O pregador salienta que esse remédio está disponível, é só receber, mas que será necessário fazer uso dele durante toda vida, a fim de minimizar os efeitos da doença e as possíveis recaídas. Onde o Evangelho produzir fé, haverá conflito. Esse conflito não é um estágio do caminho para a conversão, mas uma característica da vida diária de arrependimento e fé (Pless, Manejando bem a Palavra da Verdade, p. 116). Além disso, bem medicado, o paciente então é capaz de realizar coisas que antes não eram possíveis, ou que lhe demandavam  grande esforço. 

A Lei não nos liberta, mas sim o Evangelho escrito no coração do ser humano com o sangue da cruz de Cristo, que livra de todo o pecado e cria um novo homem que pode viver agora em justiça e santidade, praticando as boas obras de amor ao próximo (Ef 2.10). Mas é preciso lembrar e conscientizar constantemente os cristãos que além da alegria que a graça de Deus proporciona, todos compartilhamos da responsabilidade de ajudar quem está enfermo e sem esperança. Isso pode se dar além da pregação no culto, também entre os irmãos no congregar, entre os membros de uma família e quando se fala a descrentes (trabalho, vizinhança). Quem está mais saudável pode ajudar os outros.


A Lei deve ser pregada para que se veja a doença e a sua gravidade, e  também se identifique como falso qualquer outro remédio que demande participação do paciente, e a pregação do evangelho ofereça o verdadeiro remédio. Se por um lado nos deparamos com fraquezas, saibamos que elas são cobertas pela justiça de Cristo, e por isso Deus pode realizar através do cristão as boas obras das quais se agrada: pela fé somos filhos amados em quem Deus se alegra.

Carolina Lo Iacono 


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