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Foto do escritorChristian Lo Iacono

O Reinado da Graça de Deus | Parte I

Que diremos, então? Continuaremos no pecado, para que a graça aumente ainda mais?

De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós, que já morremos para ele?

Ou será que vocês ignoram que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte?

Fomos sepultados com ele na morte pelo batismo, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós andemos em novidade de vida.

Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente o seremos também na semelhança da sua ressurreição,

sabendo isto: que a nossa velha natureza foi crucificada com ele, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sejamos mais escravos do pecado.

Pois quem morreu está justificado do pecado.

Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também viveremos com ele.

Sabemos que, havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte já não tem domínio sobre ele.

Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus.

Assim também vocês considerem-se mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus.

Portanto, não permitam que o pecado reine em seu corpo mortal, fazendo com que vocês obedeçam às suas paixões.

Também não ofereçam os membros do corpo ao pecado, como instrumentos de injustiça, mas, como pessoas que passaram da morte para a vida, ofereçam a si mesmos a Deus e ofereçam os seus membros a Deus, como instrumentos de justiça.

Porque o pecado não terá domínio sobre vocês, pois vocês não estão debaixo da lei, e sim da graça.

E então? Havemos de pecar porque não estamos debaixo da lei, e sim da graça? De modo nenhum!

Será que vocês não sabem que, ao se oferecerem como servos para obediência, vocês são servos daquele a quem obedecem, seja do pecado, que leva à morte, ou da obediência, que conduz à justiça?

Mas graças a Deus que, tendo sido escravos do pecado, vocês vieram a obedecer de coração à forma de doutrina a que foram entregues.

E, uma vez libertados do pecado, foram feitos servos da justiça.

Falo em termos humanos, por causa das limitações de vocês. Assim como ofereceram os seus membros para que fossem escravos da impureza e da maldade que leva à maldade, assim ofereçam agora os seus membros para que sejam servos da justiça para a santificação.

Porque, quando vocês eram escravos do pecado, estavam livres em relação à justiça.

Naquele tempo, que frutos vocês colheram? Somente as coisas de que agora vocês se envergonham. Porque o fim delas é morte.

Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, o fruto que vocês colhem é para a santificação. E o fim, neste caso, é a vida eterna.

Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.



Tendo o cristão sido justificado pela fé em Cristo, e não por suas obras, ele está agora firme na graça de Deus. Tendo pertencido a Adão, o autor do pecado e da morte, agora o cristão pertence a Cristo, autor da salvação e da vida. Mesmo que a lei tenha sido introduzida na história de Israel para apontar a transgressão do ser humano, onde abundou o pecado, superabundou e reinou a graça (Rm 5.20-21). Que belo triunfo da graça de Deus! Em contraste com o repugnante pano de fundo da culpabilidade humana, Paulo retrata a graça aumentando e reinando.


Porém, os críticos de Paulo já haviam atacado o apóstolo “caluniosamente” ao afirmarem que ele teria dito: “façamos o mal, para que nos sobrevenha o bem” (Rm 3.8). Naquela oportunidade, ele simplesmente relevou a acusação. Agora, no entanto, Paulo vai refutar essa calúnia. Qual era a crítica deles? Não era só que o evangelho da justificação de graça por meio da fé, sem obras, parecia tornar inútil a prática das boas obras; mas “esse evangelho” parecia também incentivar as pessoas a pecarem mais do que nunca. Assim, ao anunciar a gratuidade da graça, Paulo estaria na verdade incentivando a desobediência à lei e prometendo aos crentes amplos direitos ao mundo vindouro.


O termo técnico para descrever os que defendem esse argumento é “antinomianos”, pois eles se colocam contra a lei moral (nomos) e pensam que podem dispensá-la. O antinomianismo tem uma longa história no seio da igreja. Nós já o encontramos no NT, nos falsos mestres que Judas descreve como “ímpios, que transformam a graça de nosso Deus em libertinagem e negam Jesus Cristo, nosso único Soberano e Senhor” (v. 4). Mas, se nós reconhecemos o antinomismo em outros, também não deveríamos abrigá-lo dissimuladamente em nós mesmos. Ou será que nunca nos flagramos justificando nossas falhas sob o argumento de que Deus irá desculpá-las e perdoá-las?


Bom, os críticos de Paulo o acusam de antinomismo, e ele se dá ao trabalho de responder, sem modificar o conteúdo de sua mensagem. Isso nos leva a concluir que ele de fato pregava o evangelho da graça sem obras; senão, não sofreria essa acusação. O mesmo ocorre hoje em dia. Se nós estivermos proclamando o evangelho de Paulo, com essa ênfase na gratuidade da graça e na impossibilidade de autosalvação, com certeza acabaremos sendo acusados de antinomismo. Se nossa pregação não levantar essa crítica, é muito provável que não estejamos anunciando o evangelho de Paulo.


A resposta do apóstolo aos seus críticos é que o Deus da graça não somente perdoa pecados, mas também nos liberta de pecar. Pois a graça, além de justificar, também santifica. Ela nos une a Cristo (vv. 1-14) e nos inicia em um novo processo de escravidão: escravos da justiça (vv. 15-23). Essas duas partes de Romanos 6 guardam um estreito paralelo entre si, pelo menos em cinco aspectos.

Primeiro, ambas são movidas pela mesma exaltação da graça de Deus – os vv. 1-14 pela afirmação de que “a graça transbordou... de modo que... a graça reine (5.20s.), e os vv. 15-23 pela declaração de que “não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça de Deus” (v. 15).


Segundo, ambas as partes fazem a mesma sondagem a respeito da relação entre pecado e graça. Versículo 1: “Que diremos, então? Continuaremos no pecado, para que a graça aumente ainda mais? E o versículo 15: “E então? Havemos de pecar porque não estamos debaixo da lei, e sim da graça?” Em outras palavras, será que a graça mina os alicerces da responsabilidade ética, levando-nos a pecar desenfreadamente?


Terceiro, ambas as partes reagem à questão com a mesma indignação: “De modo nenhum!” (vv. 1 e 15).


Quarto, ambas as partes dão o mesmo diagnóstico para essa acusação de antinomismo. Trata-se de ignorância, especialmente no que se refere aos princípios cristãos. Versículo 3: “Ou será que vocês ignoram que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? Versículo 16: “Será que vocês não sabem que, ao se oferecerem como servos para obediência, vocês são servos daquele a quem obedecem?” Se eles tivessem entendido o significado de seu batismo e sua conversão, não teriam feito essa pergunta.


Quinto, ambas as partes ensinam a mesma descontinuidade radical entre a nossa velha vida, anterior à conversão e batismo, e a nossa nova vida, depois da conversão e batismo, e, portanto, a incompatibilidade do pecado nos crentes convertidos e batizados: “Como viveremos ainda no pecado, nós, que já morremos para ele?” (v. 2). Versículo 16: “Será que vocês não sabem que, ao se oferecerem como servos para obediência, vocês são servos daquele a quem obedecem”.


v. 1

Resumo: 1) Nós morremos para o pecado. É este o fato fundamental da tese de Paulo. 2) Como podemos viver naquilo para o qual já morremos? (v. 2) E como foi que morremos para o pecado? Foi através do nosso batismo, que nos uniu a Cristo em sua morte (v. 3). 3) Já que nós participamos da morte de Cristo, Deus quer que compartilhemos também da sua vida de ressurreição (vv. 4-5). 4) Nosso velho “eu” foi crucificado com Cristo a fim de que pudéssemos ser libertados da escravidão do pecado (vv. 6-7). 5) A morte e a ressureição de Jesus foram eventos decisivos: ele morreu de uma vez por todas para o pecado, mas vive continuamente para Deus (vv. 8-10). 6) Nós precisamos nos dar conta de que agora somos aquilo que Cristo é, ou seja, estamos “mortos para o pecado, mas vivos para Deus” (v. 11). 7) Já que fomos vivificados da morte, devemos oferecer os nossos corpos a Deus como instrumentos de justiça (vv. 12-13). 8) O pecado não pode nos dominar, pois a nossa situação mudou radicalmente: já não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça, que não encoraja a prática do pecado, porque ela o venceu (v. 14).


v. 2

No grego, o verbo está no futuro simples (zesomen). Assim, a frase poderia ser traduzida: “Nós morremos (passado) para o pecado; então como viveremos (futuro) nele?”. O que Paulo está declarando aqui não é a impossibilidade literal da prática do pecado por parte dos crentes, mas a incongruidade moral disso. J. B. Philips capta bem a ideia: “nós, que morremos para o pecado – como poderíamos ainda viver no pecado?”


Paulo chama atenção para a extrema anomalia de se viver no pecado depois que se morreu para ele. Então, o que ele quer dizer com nós morremos para o pecado? Conforme uma visão popular, estar morto para o pecado é estar insensível à tentação assim como um cadáver está insensível a qualquer estímulo físico (v. 6). Seria como se Cristo tivesse carregado não apenas a nossa culpa, mas também a nossa “carne”, nossa natureza caída. Ela foi pregada na cruz e morta, e nossa tarefa (por mais fortes que sejam as evidências contrárias) é tratá-la como morta (v. 11). “Um morto não pode pecar. E você está morto... Seja, em relação a todo pecado, tão impassível, tão insensível, tão imóvel quanto quem já morreu” (C. J. Vaughan). De modo semelhante, H. P. Liddon escreveu: “Este apothanein (ter morrido). Presume-se que tenha tornado o cristão tão insensível ao pecado quanto uma pessoa morta para os objetos do mundo dos sentidos”. Sanday e Headlam: “Vocês, cristãos, de igual modo, considerem-se como mortos, inertes e imóveis, como um cadáver, em tudo que tem a ver com o pecado”. E J. B. Philips escreve que “de um homem morto pode-se dizer com certeza que ele está imune ao poder do pecado” e que nós devemos considerar-nos como “mortos para a atração e o poder do pecado” (v. 11).


Existem pelo menos três objeções a essa visão popular. Primeiro, ela é incompatível com o significado da morte de Cristo. Como a “morte para o pecado” é nesse trecho aplicada tanto a Cristo quanto aos cristãos, deveria haver para ela um significado comum. Mas quando pensamos em Cristo, não pode ser que, num determinado momento, Ele tenha se tornado insensível diante do pecado, pois isso implicaria que antes ele teria reagido diante do pecado. De fato, suas tentações foram reais. Mas será que antes disso, o pecado tinha influência tão constante sobre a vida de nosso Senhor que ele precisou ir para a cruz e, ali, morrer decisivamente para o pecado? Dizer isso seria um insulto ao caráter de Cristo.


Segundo, essa visão popular é incompatível com as conclusões de Paulo. Se nossa natureza caída tivesse morrido de fato, ou se nós tivéssemos morrido para ela, de tal forma que a tentação já não nos afetasse, o apóstolo não precisaria exortar-nos a não deixarmos que o pecado “domine” os nossos corpos, “fazendo que vocês obedeçam aos seus desejos” (v. 12), como também “não ofereçam os membros dos seus corpos ao pecado” (v. 13). Tampouco ele teria nos exortado posteriormente em sua carta a que “deixemos de lado as obras das trevas” e “não fiquem premeditando como satisfazer os desejos da carne’ (Rm 13.12, 14).


Em terceiro lugar, essa visão é incompatível com a experiência cristã. Ora, Paulo está se referindo nessa carta a todos os cristãos que creram em Cristo e foram nele batizados, e não a uma minoria de cristãos. As biografias que encontramos na Escritura, como também no decorrer da história, aliadas à nossa própria experiência, mostram que isso não é verdade. Nossa natureza caída está tão viva e ativa que somos seriamente exortados a não obedecer aos seus desejos, e o Espírito Santo nos é concedido para que possamos subjugá-los e controlá-los.


Um sério perigo com relação a essa visão popular da insensibilidade quanto ao pecado é que ela pode levar facilmente à desilusão e ao autoengano. Se nós lutarmos para agir “como se” estivéssemos “mortos para o pecado” (ou seja, imunes a ele), quando sabemos muito bem que não estamos, ficaremos divididos entre a Escritura e a experiência, e então seremos tentados, ou a duvidar da Palavra de Deus, ou então, a fim de manter a nossa “performance”, até a refugiar-nos na desonestidade acerca de nossa experiência.


Resumindo as objeções: Cristo não “morreu para o pecado” no sentido de tornar-se insensível a seus apelos, pois ele nunca esteve “vivo para o pecado”, para que necessitasse morrer para ele. E nós tampouco morremos para o pecado nesse sentido, uma vez que ainda estamos vivos para ele, como o demonstram as exortações de Paulo, bem como a nossa própria experiência. Na verdade, o que se nos diz é que devemos “fazer morrer os atos do corpo” (Rm 8.13), fazer morrer a nossa natureza caída, bem como suas atividades. Mas como se pode “fazer morrer” aquilo que está morto? Deve haver, para essa tal de “morte para o pecado”, uma interpretação melhor e mais libertadora no que se refere a Cristo e aos cristãos – todos os cristãos.


Esse conhecido equívoco ilustra muito bem o perigo de se construir argumentos com base em analogias. Em toda analogia é preciso considerar onde se encontra o paralelo ou a similaridade; não se pode forçar uma semelhança em cada ponto. Por exemplo, quando Jesus disse que deveríamos tornar-nos como crianças, isso não significava que deveríamos copiar todas as características de uma criança (imaturidade, caprichos e egoísmo), mas apenas uma, que é a dependência. Da mesma maneira, dizer que nós “morremos” para o pecado não significa que devemos ostentar todas as características de um morto, inclusive sua insensibilidade aos estímulos. Temos de nos perguntar: até que ponto vai a analogia da morte, aqui?


Na Escritura a morte é representada mais em termos legais do que físicos, não tanto como um estado de inércia mas como penalidade – justa, apesar de repugnante – para o pecado. Sempre que pecado e morte aparecem lado a lado na Bíblia, desde o segundo capítulo de Gênesis (“não comerás; porque no dia em que dela comeres [isto é, no dia em que pecares], certamente morrerás” – 2.17) até os últimos dois capítulos (21 e 22) de Apocalipse (onde o destino dos impenitentes é chamado de “a segunda morte”), a ligação central entre eles é que a morte é o castigo para o pecado. Isso é muito claro também em Romanos, onde se lê que quem peca “merece a morte” (1.32), que a morte entrou no mundo pelo pecado (5.12) e que “o salário do pecado é a morte” (6.23).


Vamos primeiro a Cristo: “porque morrendo, para o pecado morreu uma vez por todas” (v. 10). O significado óbvio e natural disse é que Cristo carregou a condenação do pecado, ou seja, a morte. Foi de encontro a suas reivindicações, pagou a sua penalidade, aceitou a sua recompensa, e o fez “de uma vez por todas” (ephapax), um advérbio que, no NT, é muitas vezes aplicado à sua morte expiatória. Consequentemente, o pecado já não tem mais direitos sobre ele. E assim Deus o ressuscitou dentre os mortos a fim de demonstrar a legitimidade do seu ato salvador, carregando sobre si os nossos pecados. E agora ele vive eternamente para Deus.


O que vale para Cristo vale igualmente para os cristãos que estão unidos com Cristo. Nós também “morremos para o pecado”, no sentido de que, ao sermos unidos com Cristo, pode-se dizer que nós carregamos a penalidade do pecado. Alguém poderá reagir, dizendo que não podemos dizer que sofremos a pena de nossos pecados, ainda que seja em Cristo, já que ninguém pode morrer pelos próprios pecados; o único que fez isso foi Cristo. Não seria a mera sugestão de que nós poderíamos fazê-lo uma forma velada de justificação pelas obras? Não, não se trata disso. É claro que o sacrifício de Cristo, ao levar os nossos pecados, foi um gesto completamente único, e nós não podemos participar desse ato. Mas podemos participar de seus benefícios ao nos unirmos com Cristo. Assim, o NT nos diz não apenas que Cristo morreu em nosso lugar, mas também que ele morreu por nós, como nosso representante; dessa forma, pode-se dizer que nós morremos nele e através dele. Por exemplo, como Paulo escreve noutro lugar: “estamos convencidos de que um morreu por todos; logo, todos morreram” (2Co 5.14). Isso é, ao nos unirmos com ele, sua morte tornou-se a nossa morte.


Ou seja, “explicar a expressão ‘mortos para o pecado’ como significando mortos para a influência e o amor ao pecado é inteiramente errôneo” (Robert Haldane). Paulo está se referindo não a uma morte para o poder do pecado, mas a uma morte à sua culpa, uma morte que é para nossa justificação.


v. 3

O próximo passo de Paulo será explicar como é que nós morremos para o pecado. Segundo ele, foi através do nosso batismo, pelo qual fomos unidos com Cristo em sua morte.


Batismo significa batismo nas águas, a menos que no contexto se especifique o contrário. É verdade que o NT fala de outros tipos de batismo, como por exemplo, o batismo com fogo e o batismo com o Espírito. Certos comentaristas sugerem que Paulo aqui esteja se referindo ao batismo com o Espírito, que nos uniria com Cristo; e citam 1Co 12.13 como sendo uma passagem paralela. Mas pode-se dizer com segurança que sempre que os termos “batismo” e “ser batizado” ocorrem sem a menção do elemento no qual se dá o batismo, a referência é ao batismo nas águas (At 2.38). Alguns temem que aí Paulo estaria ensinando a “regeneração pelo batismo”, ou seja, que a mera administração da água em nome da Trindade concede automaticamente a salvação. Porém, o apóstolo nem acreditava nem ensinava isso.


Em segundo lugar, batismo significa a nossa união com Cristo, especialmente com Cristo crucificado e ressurreto. Ele tem outros sentidos, inclusive purificação de pecados e dom do Espírito Santo; mas o seu significado essencial é que ele nos une com Cristo. Daí o uso da preposição eis (que significa algum movimento “para dentro de”). É verdade que, na instituição do batismo, foi dito que esse seria feito em nome do Pai e do Filho e do Espírito, isoladamente (Mt 29.19). Mas em outros lugares ele é feito “em nome do Senhor Jesus” (At 8.16; 19.5), ou simplesmente “em Cristo” (Gl 3.27; Rm 6.3). E ser batizado em Cristo significa entrar em relacionamento com ele, tanto quanto os israelitas, “em Moisés”, foram “batizados na nuvem e no mar” (1Co 10.2), isto é, em lealdade a ele como seu líder.


Por fim, o batismo não garante por si mesmo aquilo que ele significa. Na verdade, o NT fala do batismo em termos de lavar os nossos pecados (At 22.16), revestir-nos de Cristo (Gl 3.27) e até mesmo em sermos salvos pelo batismo (1Pe 3.21); mas esses são exemplos de uma linguagem dinâmica que atribui ao sinal visível a bênção da realidade significada. É inconcebível que Paulo, depois de passar três capítulos argumentando que a justificação só vem pela fé, fosse mudar agora o seu argumento, contradizendo-se ao declarar que, no final das contas, a salvação é pelo batismo. Devemos dar a Paulo o crédito da consistência de pensamento. “É claro que se pressupõe a fé do batizado... Ela não é esquecida, nem negada” (Dunn). Assim, a união com Cristo pela fé, que invisivelmente é afetada pelo Espírito Santo, é visivelmente significada e selada pelo batismo. O argumento essencial de Paulo é que o ser cristão implica uma identificação vital com Jesus e que essa união com ele é representada pelo nosso batismo, como se fosse um drama simbólico.



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