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Foto do escritorChristian Lo Iacono

Promessa e Batismo no Espírito Santo - I| Série: O Espírito Santo na Igreja -Parte II

Atualizado: 6 de mar.

Estamos começando outra vez a recomendar a nós mesmos? Ou será que temos necessidade, como alguns, de entregar cartas de recomendação para vocês ou pedi-las a vocês?

Vocês são a nossa carta, escrita em nosso coração, conhecida e lida por todos.

Vocês manifestam que são carta de Cristo, produzida pelo nosso ministério, escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, nos corações.

E é por meio de Cristo que temos tal confiança em Deus.

Não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa capacidade vem de Deus,

o qual nos capacitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do Espírito; porque a letra mata, mas o Espírito vivifica.

E, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, se revestiu de glória, a ponto de os filhos de Israel não poderem fixar os olhos na face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, ainda que fosse uma glória que estava desaparecendo,

como não será de maior glória o ministério do Espírito?

Porque, se o ministério da condenação teve glória, em muito maior proporção será glorioso o ministério da justiça.

Pois, neste particular, o que era glorioso já não tem mais glória diante da glória atual, que é muito maior.

Porque, se o que estava desaparecendo teve a sua glória, muito mais glória tem o que é permanente.

Tendo, pois, tal esperança, agimos com muita ousadia.

2 Coríntios 3:1-12



No último sermão afirmei que muitos de nós sentimos falta de uma ação genuína e mais poderosa do Espírito Santo em sua igreja. Podemos ver essa necessidade olhando para nós mesmos, individualmente e também como igreja. Ansiamos por um reavivamento verdadeiro, uma visitação sobrenatural e abrangente do Espírito Santo, trazendo profundidade e crescimento; e, ao mesmo tempo, anelamos por uma experiência mais profunda, mais rica e mais completa de Cristo em nossas próprias vidas, através do Espírito Santo.


Vimos que a vida cristã é vida no Espírito. Para o cristão, a vida começa com um novo nascimento, e o novo nascimento é um nascimento "do Espírito" (Jo 3.3-8). Segundo as Escrituras, todos os que têm o Espírito de Deus são filhos de Deus, e todos os que são filhos de Deus têm o Espírito de Deus. Aliás, de acordo com Paulo, “o próprio Espírito confirma ao nosso espírito que somos filhos de Deus" (Rm 8.15-16; Gl 4.6).


Pelo poder do Espírito que habita em nós os desejos maliciosos da nossa natureza decaída são controlados e o bom fruto do caráter cristão é produzido (Gl 5.16-25). A ética cristã, portanto, é negativa e positiva. Precisamos aprender a conviver com os “nãos” – o “não” é o que predomina nos 10 mandamentos. “A vara e a disciplina dão sabedoria, mas a criança entregue a si mesma envergonha a sua mãe” (Pv 29.15).


Da mesma forma, o Espírito não é uma propriedade particular, que ministra somente aos cristãos individualmente; ele também une todos no corpo de Cristo, a igreja, de maneira que a comunhão cristã é "a comunhão do Espírito Santo" (Fp 2.1), e o culto cristão é “adoração a Deus no Espírito” (Fp 3.3). Além disso, ele é chamado de "o penhor da nossa herança" (Ef 1.13-14), porque sua presença dentro de nós é tanto a garantia de que iremos ao céu quanto o antegozo dele. Por fim, no último dia sua atividade será a de ressuscitar nosso “corpo mortal” (Rm 8.11).


Todavia, será que esse "dom" do Espírito prometido é a mesma coisa que o "batismo" do Espírito Santo? Os que dizem "não" creem que "dom" e "batismo" são diferentes; esses ensinam que o "batismo" é uma segunda experiência. Mas para os que creem que ambos são idênticos, e que ser "batizado" com o Espírito é uma figura vívida para ter "recebido" o Espírito, o "batismo" é algo que todos os cristãos tiveram.


A expressão "batismo do Espírito" é exclusiva do NT; ela ocorre sete vezes. Mesmo assim, ela é o cumprimento de uma expectativa do AT. Essa expectativa geralmente era expressa na promessa de Deus de "derramar" o seu Espírito. Pedro, em seu sermão no dia de Pentecoste, igualou o "derramamento" do Espírito (prometido por Joel) ao "batismo" do Espírito (prometido por João Batista e Jesus). As duas expressões estavam se referindo ao mesmo evento e à mesma experiência: At 1.4-5; 2.14-18, 33.


A promessa de uma bênção diferente


Mas podemos ir além. Esse "derramamento" ou "batismo" do Espírito haveria de ser uma das bênçãos mais distintivas da nova época. Tanto que o apóstolo Paulo pôde descrever a nova era iniciada por Jesus como "o ministério do Espírito" (2Co 3.8).


É claro que isso não quer dizer que o Espírito Santo não existia antes. O Espírito Santo é Deus e, portanto, eterno. Também não quer dizer que ele estava inativo antes. No tempo do Antigo Testamento, ele estava incessantemente ativo — na criação e na preservação do universo, na providência e na revelação, na regeneração de crentes e na capacitação de pessoas especiais para tarefas especiais.


Mesmo assim, alguns profetas predisseram que nos dias do Messias, Deus concederia uma difusão generosa do Espírito Santo, nova e diferente, bem como acessível a todos (mesmo os gentios). Nesse sentido, Isaías falou do dia em que o Espírito seria "derramado sobre nós lá do alto" (32.15). Em Isaías 44.3, Deus prometeu: “derramarei água sobre o chão sedento e torrentes sobre a terra seca. Derramarei o meu Espírito sobre a sua posteridade e a minha bênção sobre os seus descendentes".


A mesma terminologia foi usada por Ezequiel, a quem Deus disse: "Saberão que eu sou o Senhor, seu Deus, quando virem que eu os enviei para o cativeiro entre as nações, e os tornei a ajuntar para voltarem à sua terra, e que não deixarei que nenhum deles fique no exílio. Nunca mais esconderei deles o meu rosto, pois derramarei o meu Espírito sobre a casa de Israel" (39.28-29). Da mesma forma, em uma passagem mais conhecida, Deus disse: "E acontecerá, depois disso, que derramarei o meu Espírito sobre toda a humanidade" (Jl 2.28).


João Batista, o último profeta da ordem antiga, resumiu essa expectativa em sua afirmação conhecida, que creditou o derramamento do Espírito ao próprio Messias: "Eu batizei vocês com água; ele, porém, os batizará com o Espírito Santo" (Mc 1.8).


A essa altura é instrutivo observar que essa profecia de João, registrada pelos três evangelistas sinóticos (Mt, Mc e Lc) como futuro do presente ("ele batizará"), no Evangelho de João toma a forma do presente do indicativo: "Eu não o conhecia; aquele, porém, que me enviou a batizar com água me disse: ‘Aquele sobre quem você vir descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo.’" (Jo 1.33). Esse uso do presente tira o verbo dos limites do tempo. Ele não descreve o evento único que foi o Pentecoste, mas o ministério específico de Jesus: "Esse é o que batiza com o Espírito Santo”.


Na verdade, as mesmas palavras, ho baptizon, que aqui se referem a Jesus, são aplicadas por Marcos a João Batista! Geralmente, João é chamado de ho baptistes, "o Batista", porém três vezes na narrativa de Marcos (1.4; 6.14, 24) ele é chamado de ho baptizon – “o Batizador”. Em outras palavras, assim como João é chamado de "o Batista" ou "o Batizador", porque a característica do seu ministério era batizar com água, também Jesus é chamado de "o Batista" ou "o Batizador", porque a característica do seu ministério é batizar com o Espírito Santo.


Essa referência ao ministério característico de Jesus é reforçada pelo versículo 29 do mesmo capítulo (João 1), em que João Batista diz: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!" Trata-se de outro particípio presente, ho airón. Se juntarmos os versículos 29 e 33, descobriremos que a obra característica de Jesus é dupla: ela inclui uma remoção e uma doação, uma retirada do pecado e um batismo com o Espírito Santo. Esses são os dois grandes dons de Jesus Cristo, nosso Salvador. Eles são sempre apresentados juntos pelos profetas do Antigo Testamento e pelos apóstolos no Novo, e não podem ser separados.


Por isso Deus prometeu através do profeta Ezequiel: "Então aspergirei água pura sobre vocês, e vocês ficarão purificados. Eu os purificarei de todas as suas impurezas e de todos os seus ídolos. Eu lhes darei um coração novo e porei dentro de vocês um espírito novo. Tirarei de vocês o coração de pedra e lhes darei um coração de carne. Porei dentro de vocês o meu Espírito e farei com que andem nos meus estatutos, guardem e observem os meus juízos" (36.25-27).


Essas duas promessas de Deus, na verdade, são as duas grandes bênçãos da "nova aliança" profetizada por Jeremias. Porque os termos da nova aliança incluem estas palavras: "Na mente lhes imprimirei as minhas leis, também no seu coração as inscreverei; eu serei o Deus deles, e eles serão o meu povo... Pois perdoarei as suas iniquidades e dos seus pecados jamais me lembrarei" (Jr 31.33-34). A inscrição da lei no coração sem dúvida seria obra do Espírito Santo, como fica claro em Ezequiel 36.27 e 2Co 3.3, 6-8.


É um testemunho maravilhoso à unidade da Escritura verificar como os apóstolos retomaram essas promessas relacionadas com a nova aliança. Eles sabiam que a nova aliança tinha agora sido estabelecida e ratificada pelo sangue de Jesus (Mt 26.28; Hb 7.22, 8.1-13), e роr isso falaram abertamente que as bênçãos da aliança prometidas agora estavam disponíveis através do mesmo Senhor Jesus. Assim, Paulo chamou os ministros cristãos de "ministros de uma nova aliança" (2Co 3.6), avançando em seguida para descrevê-la como "ministério da justiça" (v. 9) (isto é, justificação), e como "ministério do Espírito" (v. 8).


De maneira semelhante, o apóstolo Pedro exclamou no dia de Pentecoste: “Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos seus pecados, e vocês receberão o dom do Espírito Santo” (At 2.38). Assim, Pedro garantiu a todos que se arrependessem e cressem, e dessem testemunho público de sua fé penitente em Jesus, sendo batizados em seu nome, que receberiam gratuitamente de Deus dois presentes: o perdão de seus pecados e o dom do Espírito.


Além disso, uma leitura cuidadosa dos dois primeiros capítulos de Atos leva à conclusão de que esse "dom do Espírito" é sinônimo com o que antes é chamado de "a promessa do Espírito" (1.4; 2.33-39), "o batismo do Espírito" (1.5) e "o derramamento do Espírito" (2.17, 33), embora possamos dizer que duas dessas expressões põem mais ênfase no ato de dar, e as outras duas no ato de receber o Espírito. Podemos resumir tudo isso dizendo que aqueles crentes penitentes receberam o dom do Espírito que Deus tinha prometido antes de Pentecoste, e que foram batizados com o Espírito que Deus derramou no dia de Pentecoste. O apóstolo Pedro manteve sua convicção sobre essa identificação de significados. Quando Cornélio se converteu mais tarde e recebeu o Espírito, Pedro se referiu aquilo como o "batismo" e como o "dom" do Espírito (At 11.16-17).


À luz de todo esse testemunho bíblico, parece claro que o "batismo" do Espírito é idêntico à promessa ou dom do Espírito, e é tão parte integrante do evangelho da salvação quanto da remissão de pecados. Certamente, jamais devemos pensar na "salvação" em termos meramente negativos, como se ela consistisse apenas em nossa libertação do pecado, culpa, ira e morte. Agradecemos a Deus porque ela inclui todas essas coisas. Mas ela abrange também a bênção positiva do Espírito Santo, que nos regenera, habita em nós, nos liberta e transforma. Quão incompleta fica a nossa pregação do evangelho quando enfatizamos somente um lado! E que evangelho glorioso temos para compartilhar quando nos mantemos fiéis à Escritura!


Quando pecadores se arrependem e creem, Jesus não somente tira seus pecados, mas também os batiza com o seu Espírito. De fato, Paulo coloca isso para Tito (3.4-7) em termos dramáticos: quando Deus "salva", ele não somente nos "justifica" por sua graça, mas também nos faz passar por um "lavar" ou "banho". Se isso é uma referência ao batismo na água, como é provável, então é uma indicação do que significa o batismo na água. Paulo o descreve com uma expressão marcante, composta. É um "banho de renascimento e renovação por meio do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós de maneira abundante, através de Jesus Cristo, nosso Salvador" (3.4-7, tradução própria). Assim, vemos novamente que o Espírito, derramado para nos regenerar e renovar, também faz parte da salvação. O "batismo" ou "dom" do Espírito realmente é uma das bênçãos especiais da nova era iniciada por Jesus Cristo.


A promessa de uma bênção universal


O derramamento ou batismo do Espírito não é somente uma bênção diferente, especial, para esta nova era (por não ter estado disponível antes), mas também é uma bênção universal (por ser agora direito recebido por todos os filhos de Deus). Isso já transpareceu no fato de que ele é parte da salvação que Deus nos concedeu por meio de Cristo. Todavia, há ainda outras evidências que o confirmam.


A primeira é a profecia de Joel e como Pedro a entendeu. A ênfase na promessa de Deus através de Joel está na universalidade do dom do Espírito. Veja os termos em que Pedro a citou: "E acontecerá nos últimos dias, diz o Deus, que derramarei o meu Espírito sobre toda a humanidade" (At 2.17). Isso não pode estar se referindo a " toda a humanidade", seja qual for sua disposição interior de receber o dom, seu arrependimento e sua fé; refere-se a " toda a humanidade", independente de sua posição ou privilégio exteriores. Indica que não haverá distinção de sexo ou idade, dignidade ou raça no recebimento desse dom divino, porque tanto filhos como filhas, jovens ou idosos, servos ou servas, e mesmo "todos os que ainda estão longe" (v. 39) o que se refere aos gentios, irão recebê-lo. Ainda mais: independente de idade, sexo, raça e classe social, o dom inclui todos os que se arrependem e creem.


Cremos que os crentes do Antigo Testamento eram regenerados. As principais evidências disso são indiretas. Em primeiro lugar, eles eram certamente "justificados" (cf. Rm 4.1-8, baseado em Gn 15.6 e Sl 32.1-2), e é difícil conceber como um pecador pode ser justificado sem ter sido antes regenerado. Em segundo lugar, eles diziam amar a lei de Deus (Sl 119.97). Já que a natureza não regenerada é hostil a Deus e rebelde à sua lei (Rm 8.7), parece que eles possuíam uma natureza nova. Cantamos os salmos nos cultos cristãos porque reconhecemos neles a linguagem dos regenerados.


Então, embora no tempo do AT todos os crentes fossem regenerados, o Espírito Santo vinha sobre pessoas especiais para ministérios especiais em épocas especiais. Ele ainda capacita pessoas especiais para tarefas especiais, como veremos mais adiante. Porém, agora esse ministério é mais amplo e profundo do que jamais foi em tempos do Antigo Testamento. Então, qual é a diferença entre o ministério do Espírito nos dias do Antigo Testamento e em nossos dias? Em primeiro lugar, todos os crentes, de todas as raças, participam agora da bênção do Espírito.


Em segundo lugar, apesar de os crentes do Antigo Testamento terem conhecido a Deus e experimentado um novo nascimento, a presença do Espírito, que habita agora nos crentes, é algo que eles nunca vivenciaram, e que faz parte da nova aliança e do reino de Deus, profetizado tanto pelos profetas como pelo Senhor Jesus Jr 31.33; Ez 36.26-27; Jo 14,16-17; Rm 14.17). Em terceiro lugar, a obra característica do Espírito Santo se relaciona essencialmente com Jesus Cristo. Vimos que ele, em seu ministério de santificação, revela Cristo aos crentes e forma Cristo nos crentes, e isso, pela natureza do assunto, ele não poderia ter feito antes que Cristo viesse (Jo 16.14; Gl 4.19; Ef 3.16-17).


Pedro entendeu que a profecia de Joel prometia esse dom ou batismo do Espírito a todos os crentes; isso parece claro na conclusão do seu grande sermão (At 2.38-39), onde ele aplica a passagem aos seus ouvintes: " — Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos seus pecados, e vocês receberão o dom do Espírito Santo. Porque a promessa é para vocês (para nós também) e para os seus filhos, e para todos os que ainda estão longe, isto é, para todos aqueles que o Senhor, nosso Deus, chamar". Essa última sentença é uma afirmação muito clara e impressionante. Quer dizer que a promessa do "dom" ou "batismo" do Espírito é para tantos quantos o Senhor nosso Deus chamar. A promessa de Deus está ligada à vocação de Deus. Todos os que acatam o chamado de Deus herdam a promessa divina.


Assista ao Sermão completo no nosso canal do Youtube.



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