No post anterior, trouxemos uma visão histórica acerca da Reforma Protestante, do século 16. Começamos com a pré-Reforma, com eventos importantes que ocorreram nos séculos anteriores. Falamos também como se encontrava a sociedade europeia nos
dias que antecederam o evento, em especial da condição social, política e, claro, espiritual. E terminamos com seu marco histórico: as 95 teses de Lutero, que ele próprio afixou na porta da igreja, da cidade alemã de Wittenberg, no dia 31 de outubro de 1517.
Hoje trataremos das principais mudanças que aconteceram, como fruto da Reforma Protestante.
Na medida que os dias e meses passavam, várias cópias das famosas 95 teses de Lutero foram espalhadas, não somente pelo solo alemão, como também pelo de vários países da Europa. Importante referir que a invenção da máquina de impressão tipográfica naqueles dias, por Gutemberg, foi extremamente importante para a multiplicação e divulgação dos escritos de Lutero – e de outros importantes reformadores –, além da impressão da Bíblia Sagrada. Até então, as cópias eram feitas de maneira bem artesanal, o que demandava muito mais tempo, além das incorreções.
Poderíamos dizer, então, que um dos principais legados da Reforma Protestante foi a tradução e distribuição da Bíblia na língua de cada Nação, na medida em que elas iam aderindo aos ensinamentos dos reformadores, pois o que se tinha até então era a Bíblia em latim, totalmente fora do alcance do grande público da época.
O próprio Lutero traduziu o NT para o alemão, entre 1521 e 1522, na época em que fora declarado proscrito e estava escondido no castelo do príncipe da Saxônia, Frederico, o Sábio. A tradução completa do AT só aconteceu em 1534, com a ajuda de
Filipe Melanchton.
Podemos dizer também, como contribuições importantes da Reforma Protestante, que a pessoa de Jesus Cristo voltou a ser a figura central do culto e da vida cristã. Também que foi resgatado o ensino da Escritura, de que a salvação é dádiva da graça de Deus, a ser recebida por meio da fé. Também que a Igreja não é a instituição ou a hierarquia, mas a reunião de todos os que creem na pessoa e obra de Cristo. Também que o culto cristão, até então praticado em latim, passou a ser ministrado na língua de cada país. E, finalmente, o resgate do ensino das Escrituras sobre o sacerdócio universal dos crentes, não necessitando mais de mediadores humanos, senão somente Cristo.
Por fim, não devemos esquecer que a Reforma Protestante, embora tenha sido uma reforma religiosa, não deixou de ser sentida em outras áreas da sociedade. Por exemplo, os ensinamentos da Reforma contribuíram para o fim do regime feudal, bem como para o nascimento do capitalismo, pois, ao contrário da mentalidade católica romana medieval, os protestantes tinham uma visão positiva do trabalho, do lucro e das ocupações seculares. No próximo post, faremos a ligação dos acontecimentos da Reforma Protestante com os dias atuais, a fim de tirarmos lições úteis dela.
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