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Foto do escritorChristian Lo Iacono

Série Espírito Santo - Parte I

Irmãos, não quero que vocês estejam desinformados a respeito dos dons espirituais.

Vocês sabem que, quando eram gentios, se deixavam conduzir aos ídolos mudos, conforme vocês eram guiados.

Por isso, quero que entendam que ninguém que fala pelo Espírito de Deus afirma: “Anátema, Jesus!” Por outro lado, ninguém pode dizer: “Senhor Jesus!”, senão pelo Espírito Santo.

Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo.

E também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo.

E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos.

A manifestação do Espírito é concedida a cada um visando um fim proveitoso.

Porque a um é dada, mediante o Espírito, a palavra da sabedoria; a outro, segundo o mesmo Espírito, a palavra do conhecimento.

A um é dada, no mesmo Espírito, a fé; a outro, no mesmo Espírito, dons de curar;

a outro, operações de milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos. A um é dada a variedade de línguas e a outro, capacidade para interpretá-las.

Mas um só e o mesmo Espírito realiza todas essas coisas, distribuindo-as a cada um, individualmente, conforme ele quer.

Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, mesmo sendo muitos, constituem um só corpo, assim também é com respeito a Cristo.

Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um só corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito.



De modo geral, quando compreendemos o evangelho de Jesus Cristo e a centralidade que ele ocupa na missão de Deus no mundo, nem sempre compreendemos tão bem o papel do Espírito Santo nessa obra. Podemos até ter certa compreensão, mais teórica, sobre quem seria o Espírito Santo e qual seria a sua missão, embora na prática, muitas vezes, o Espírito seja para nós alguém cuja existência é mais pressuposta do que entendida de fato. Além disso, devido ao receio de certos excessos tão comuns em nossos dias, praticados mais em movimentos pentecostais e neopentecostais – que às vezes podem se achar no direito de cooptar o Espírito para então dizerem o que é uma igreja cheia do Espírito (ou “quente”) e o que é uma igreja “morta” (ou “fria”) –, acabamos então nos retraindo e enfatizando quanto ao papel do Espírito Santo aqueles frutos que são aparentemente mais “silenciosos”, ou menos “espetaculares”, cuja conhecida lista encontramos na carta de Paulo aos gálatas: “amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio” (5.22-23). Cabe aqui nos perguntarmos, obviamente, quais são, de fato, as verdadeiras evidências da presença do Espírito Santo na vida do povo de Deus, especialmente quando consideramos o texto de Atos 1.8: “Vocês receberão poder, ao descer sobre vocês o Espírito Santo, e serão minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até os confins da terra”. Esse é o caminho que pretendemos percorrer a partir de hoje. Mas é preciso também dizer, de cara, o que o Espírito Santo e sua obra não são. Como Pessoa da Trindade que é, o Espírito, por sua própria natureza, veio dar testemunho de Cristo (1Jo 5.6-9). Ou seja, Ele não deve ser objeto de manipulações que visam fazer do ser humano um fim em si mesmo, através de tentativas de causação de impacto emocional na vida das pessoas, numa espécie de demonstração de poder cujo objetivo é chamar a atenção mais para o veículo da suposta mensagem do que para o Autor dela. Aliás, pensando bem, é preciso de muito mais fé para se pregar a Palavra de Deus sem fazer uso de recursos apelativos e artificiais do que usando desses expedientes! Digo isso porque, algumas vezes, somos assim classificados: “não creem no Espírito”, “são frios”, “não creem no poder de Deus”. Bom, é compreensível que isso aconteça, especialmente numa cidade onde predominam igrejas pentecostais e neopentecostais, que podem imaginar que têm a última palavra sobre pentecostalidade ou carismatismo. Nesse sentido, agradeço a Deus a oportunidade de ter podido estudar razoavelmente a história da igreja (2 mil anos), e não somente a história do pentecostalismo (100 anos), para poder chegar à conclusão, como bem disse Paulo, de que ninguém pode dizer “Senhor” a não ser pelo Espírito de Deus, e que a pentecostalidade, portanto, que é característica importante da igreja de Cristo, não pertence a uma ou mais igrejas cristãs, mesmo que elas tenham tido – é importante reconhecer – papéis importantes na história da igreja de Jesus! A pentecostalidade é característica da igreja de Cristo, que num só Espírito, foi batizada “em um só corpo”, “e a todos nós foi dado beber de um só Espírito” (1Co 12.13). É preciso reconhecer que os movimentos do Espírito surgidos a partir do século 20 (pentecostal e carismáticos) acabaram respondendo a uma certa anemia evidenciada em algumas igrejas mais tradicionais, cujos membros estavam sedentos de uma maior presença de Deus. Porém, esses movimentos acabaram se inclinando a ressaltar uma espiritualidade individualista, de sorte que a realidade do Espírito só possa ser sentida na experiência, à parte de uma reflexão bíblica mais profunda (Gordon Fee). Quando a gente afirma que “Deus me disse” alguma coisa, ou que “me mostrou” algo, é bom termos sempre o cuidado de lembrarmos que estamos fazendo isso como testemunhas de Cristo, em nome dele. A responsabilidade aumenta, claro, quando o que “escutamos” ou “vimos” envolve outras pessoas, cujo cuidado ou pastoreio coube a nós por alguma circunstância. Nesse sentido, nunca é demais lembrar o alerta feito pelo profeta Ezequiel (13.2-16): “Filho do homem, profetize contra os profetas de Israel. A esses que profetizam o que lhes vem do coração, diga que ouçam a palavra do Senhor. — Assim diz o Senhor Deus: ‘Ai dos profetas insensatos, que seguem o seu próprio espírito sem nada terem visto! Os seus profetas, ó Israel, são como chacais entre as ruínas. Vocês não foram consertar as brechas, nem fizeram muralhas para a casa de Israel, para que ela permaneça firme na batalha do Dia do Senhor. As visões que eles tiveram são falsas e as adivinhações são mentirosas. Dizem: “O Senhor disse”, quando o Senhor não os enviou. E ainda esperam que a palavra se cumpra! Não é fato que vocês tiveram visões falsas e anunciaram adivinhações mentirosas, quando disseram: “O Senhor diz”, sendo que eu não disse nada?’ — Portanto, assim diz o Senhor Deus: ‘Como vocês anunciam falsidades e têm visões mentirosas, por isso eu estou contra vocês’, diz o Senhor Deus. ‘Minha mão será contra os profetas que têm visões falsas e que adivinham mentiras. Não estarão no conselho do meu povo, não serão inscritos nos registros da casa de Israel, nem entrarão na terra de Israel. E vocês saberão que eu sou o Senhor Deus. Porque andam enganando, sim, enganando o meu povo, dizendo: “Paz”, quando não há paz. E, quando se constrói uma parede sem argamassa, os profetas a cobrem com cal. Diga aos que estão aplicando a cal que a parede ruirá. Haverá chuva torrencial. Vocês, pedras de granizo, cairão, e um vento tempestuoso irromperá. Quando a parede cair, certamente vão perguntar: “Onde está a cal com que vocês a caiaram?”’— Portanto, assim diz o Senhor Deus: ‘No meu furor, mandarei um vento tempestuoso; na minha ira, haverá chuva torrencial; e, na minha indignação, pedras de granizo, para a destruir. Derrubarei a parede que vocês cobriram com cal. Vou arrasá-la, para que apareçam os seus alicerces. Quando a parede cair, vocês serão destruídos no meio dela e saberão que eu sou o Senhor. Assim, cumprirei o meu furor contra a parede e contra os que a cobriram com cal. E direi a vocês: “Já não existe parede, como também não existem aqueles que a cobriram de cal, os profetas de Israel que profetizam a respeito de Jerusalém e para ela têm visões de paz, quando não há paz”’, diz o Senhor Deus”. Ora, não é preciso grande conhecimento para chegarmos à conclusão de que muita coisa que tem sido dita e feita em nome de Deus, ou do seu poder, na verdade tem evidenciado um certo abuso de poder de nossa parte. O próprio Paulo escreveu a Timóteo dizendo que nos últimos tempos os homens seriam “egoístas, avarentos, orgulhosos, arrogantes” (2Tm 3.2), e, nesse sentido, a vaidade sempre é uma tentação para cada um de nós. Ao invés de perdermos a vida por causa de Jesus, somos tentados a ganhá-la de todas as formas, ou preservá-la. Infelizmente, não é incomum em nossos dias ministros descerem do púlpito e ao mesmo tempo conviverem com a pornografia, o adultério, os assédios, o roubo, a corrupção – que faz do evangelho fonte de lucro, mas sem contentamento. Não é algo incomum pregadores de tempo integral cujo patrimônio excede em muito o da grande maioria dos membros da igreja (atenção: digno é o trabalhador do seu salário, especialmente no caso do pastor, ainda mais quando se dedica ao ensino!). Inevitavelmente, os “pedidos” de oferta nesses cultos são cada vez mais incisivos e constrangedores, às vezes sacrificando as contas de pessoas muito humildes nessas congregações. Não é incomum também a existência de pregadores que não possuem uma confessionalidade clara e bíblica junto às suas igrejas, mas que dirigem as suas comunidades conforme as suas cabeças, alegando “direção do Espírito”. Não é preciso muita pesquisa para chegarmos à conclusão de que algo precisa mudar no trato com o Espírito Santo e na compreensão do seu papel na vida da igreja cristã. Não bastam os excessos vistos a todo momento que envergonham o evangelho de Cristo, que levam o país a uma decepção e descrença profundas, como se deu recentemente com posturas negacionistas a respeito da COVID-19? Não é difícil que muitas vezes a igreja cristã seja vista como mais um grupo que tem seu próprio projeto de poder, e cujas armas têm se mostrado carnais, e não poderosas em Deus. Graças a Deus, essa leitura não pode ser generalizada. Há muitos cristãos pentecostais e carismáticos sérios, humildes, virtuosos, cujo prazer é Cristo, e que entenderam o seu lugar de vasos de barro no plano maior do Criador de todas as coisas, e que vivem para a glória de Deus, às vezes em situações econômicas e estruturais limitadas. É claro que outros abusos também acontecem em igrejas mais tradicionais, obviamente, inclusive no sentido contrário, ou seja, através de um quase silêncio sobre o papel do Espírito Santo da vida da igreja. Ora, a compreensão sobre a graça de Deus, ao mesmo tempo em que nos alerta para não tropeçarmos da mesma forma, de modo a que sejamos humildades, não coopera para qualquer tipo de conformismo nesse sentido. E os cristãos, muitas vezes, pela sua falta de comprometimento com a verdade do evangelho, pelo medo das perdas que podem sofrer, desde o prestígio pessoal, amigos e até familiares, agem de forma covarde, omitindo-se quanto ao seu posicionamento cristão, deixando de reprovar o pecado, as estruturas de poder opressoras, injustas, os projetos políticos maquiavélicos em nome de Deus, o aparelhamento das igrejas e o loteamento dos seus diversos “cargos” para os apadrinhados da liderança. Foram-se os dias em que os cristãos podiam se desculpar dessa postura, como se não tivessem nada a ver com isso. É claro que os ministros responderão muito mais por isso, na medida do seu conhecimento e da sua responsabilidade. Mas são os próprios membros das igrejas que patrocinam essas estruturas de poder e corrupção, e que acabam permitindo a criação e perpetuação desses modelos de liderança que acabam extorquindo a comunidade, em busca de projetos pessoais, sem amor pelo rebanho, mas sugando tudo o que é possível dele. São os próprios desejos de poder desses membros que acabam sendo projetados na figura do líder da congregação, num ato maligno de idolatria A omissão e a covardia dos cristãos não podem ser ignoradas; seremos responsabilizados. Não é mais possível ser ingênuo imaginando que as grandes massas são apenas “manipuladas” por líderes equivocados, como se isso fosse inevitável. Deus deu a cada um de nós juízo, discernimento, racionalidade, e acima de tudo o seu Espírito e a sua própria Palavra, de modo a podermos responder com sabedoria pela nossa vida e a de nossos irmãos. A omissão também é uma decisão. Nos falta coragem muitas vezes de realmente crermos em Deus, de confiarmos que Ele cuidará de nós, de que podemos viver apenas pela fé nele, perdendo a nossa vida neste mundo, para ganhá-la no porvir, por causa de Cristo. Essa história de dizermos que amamos a igreja e nos omitirmos ao mesmo tempo quando estamos cientes de que coisas erradas estão acontecendo nunca será justificável. A Igreja Católica Romana, pelo seu tamanho, já nos mostrou muitas evidências dos danos causados pela omissão de seus sacerdotes e membros quando calaram diante de abusos de todo tipo, inclusive sexuais, a fim de preservar a igreja e seu sacerdócio, mas à custa de muitas vítimas vulneráveis, que nunca mais foram as mesmas, porque foram abusadas onde nunca isso poderia ter ocorrido. Os danos ocorrem para todos: para as vítimas, para os sacerdotes, para a igreja, e para o testemunho de Deus no mundo. Novamente, tudo isso é um alerta para nós, para não cometermos os mesmos erros, inclusive em nome da graça de Deus, “normalizando” atitudes irresponsáveis e ímpias no meio da igreja cristã. Paulo escreveu aos efésios (5.3-21): “Que a imoralidade sexual e toda impureza ou avareza não sejam nem sequer mencionadas entre vocês, como convém a santos. Não usem linguagem grosseira, não digam coisas tolas nem indecentes, pois isso não convém; pelo contrário, digam palavras de ação de graças. Fiquem sabendo disto: nenhuma pessoa imoral, impura ou avarenta — porque a avareza é idolatria — tem herança no Reino de Cristo e de Deus. Não se deixem enganar com palavras vazias, porque a ira de Deus vem sobre os filhos da desobediência por causa dessas coisas. Portanto, não participem daquilo que eles fazem. Porque no passado vocês eram trevas, mas agora são luz no Senhor. Vivam como filhos da luz — porque o fruto da luz consiste em toda bondade, justiça e verdade —, tratando de descobrir o que é agradável ao Senhor. E não sejam cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; pelo contrário, tratem de reprová-las. Pois aquilo que eles fazem em segredo é vergonhoso até mencionar. Mas todas as coisas, quando reprovadas pela luz, se tornam manifestas; porque tudo o que se manifesta é luz. Por isso é que se diz: “Desperte, você que está dormindo, levante-se dentre os mortos, e Cristo o iluminará.” Portanto, tenham cuidado com a maneira como vocês vivem, e vivam não como tolos, mas como sábios, aproveitando bem o tempo, porque os dias são maus. Por esta razão, não sejam insensatos, mas procurem compreender qual é a vontade do Senhor. E não se embriaguem com vinho, pois isso leva à devassidão, mas deixem-se encher do Espírito, falando entre vocês com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando com o coração ao Senhor, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Sujeitem-se uns aos outros no temor de Cristo”. Amar não é fazer de conta que esses problemas não estão ocorrendo. A dor será menor se não falarmos a esse respeito? Esquecermos desses problemas trará algum tipo de cura e preservará a igreja de Jesus? Será que esse é o caminho, silenciar diante de todo tipo de abuso, corrupção e mau testemunho da igreja cristã? A palavra profética teve essa preocupação no AT, denunciado toda forma de pecado. É claro que essa denúncia é dolorida e devastadora muitas vezes. Mas somente quando somos trazidos por Deus à consciência de nossas perversidades, é que podemos experimentar o arrependimento e o doce perdão de Cristo, e uma verdadeira libertação do pecado, que só causa a morte por onde passa. Fui procurado por uma pessoa recentemente que queria passar a congregar conosco. Temo que o motivo dela ter desaparecido foi porque pedi a ela uma carta de recomendação de sua antiga igreja. Ora, como não vamos respeitar a igreja cristã e seus pastores, que cuidaram dessa pessoa até aqui? Mas isso nem sempre é assim. Pessoas novas numa congregação sobem rapidamente ao púlpito segundo critérios bastante questionáveis. Se alguns pastores se dessem ao trabalho de perguntar sobre o testemunho dos irmãos na antiga congregação jamais colocariam essas pessoas nas funções que hoje elas ocupam. Pelo menos, é o que espero. E como fica a imagem do pastor e da igreja que recepcionou essa pessoa diante da antiga igreja, que pode ter sido machucada no passado por algum motivo? Como podemos ignorar isso apenas com base em interesses pessoais, pela serventia que aquela pessoa pode ter entre nós, sem considerar a dor que ela pode ter causado na sua antiga congregação, ou seja, ao corpo de Cristo? Não podemos dar um tratamento diferenciado do que Jesus faria nesses casos; afinal, a igreja é dele, e não nossa. Eu estou me referindo a pecados praticados no passado, e não tratados, e que levaram alguém a mudar de congregação e em seguida ser aproveitado na primeira oportunidade numa função nessa nova congregação, sem ao menos uma ou mais conversas e acompanhamentos pastorais. Agindo assim, nós estamos ajudando a sacralizar o pecado, e a dividir a igreja de Cristo. Mas como isso é possível, se “em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um só corpo” (1Co 12.13)? O que é uma igreja cheia do Espírito, afinal? Ao sermos omissos em casos como esse, não estamos sendo espirituais em nome do amor, mas estamos, sim, dizendo que pecado não é pecado, que ele não causa dor, que não é preciso arrependimento, e que Jesus veio para morrer numa cruz porque o pecado não causa a morte, e nem é tão grave assim. Eu creio na graça de Deus. Mas sempre lembro: onde abundou o pecado, superabundou a graça de Deus. A graça pressupõe o pecado, porque é o perdão, quando só merecíamos a morte. Vejamos o que Paulo tem a dizer sobre uma igreja espiritual: “Temo que, assim como a serpente, com a sua astúcia, enganou Eva, assim também a mente de vocês seja corrompida e se afaste da simplicidade e pureza devidas a Cristo. Pois, se vem alguém que prega outro Jesus, diferente daquele que nós pregamos, ou se vocês aceitam um espírito diferente daquele que já receberam ou um evangelho diferente do que já aceitaram, vocês toleram isso muito bem. Porque suponho em nada ter sido inferior a esses “superapóstolos”. E, embora seja fraco no falar, não o sou no conhecimento. Em tudo e por todos os modos temos manifestado isto a vocês. Será que cometi algum pecado pelo fato de viver humildemente, para que vocês fossem exaltados, visto que lhes anunciei o evangelho de Deus sem cobrar nada? Tirei de outras igrejas, recebendo salário, para poder servir a vocês. E, estando entre vocês, ao passar privações, não me fiz pesado a ninguém; pois os irmãos, quando vieram da Macedônia, supriram o que me faltava. Em tudo, me guardei e me guardarei de ser pesado a vocês. Pela verdade de Cristo que está em mim, garanto que esta glória não me será tirada nas regiões da Acaia. Por quê? Será que é porque não amo vocês? Deus o sabe. Mas o que faço, isso continuarei a fazer, para não dar oportunidade àqueles que a buscam com o objetivo de serem considerados iguais a nós, naquilo em que se gloriam. Porque esses tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, disfarçando-se em apóstolos de Cristo. E não é de admirar, porque o próprio Satanás se disfarça de anjo de luz. Portanto, não deveria surpreender que os seus próprios ministros se disfarcem em ministros de justiça. O fim deles será conforme as suas obras. Outra vez digo: ninguém pense que estou louco. Mas, se vocês pensam que sim, recebam-me como um louco, para que também eu me glorie por um instante. O que falo nesta confiança de gloriar-me, não o falo segundo o Senhor, mas como por loucura. E, visto que muitos se gloriam segundo a carne, também eu me gloriarei. Porque, sendo tão sábios, de boa vontade vocês toleram os loucos. Vocês toleram quem os escravize, quem os explore, quem os engane, quem se exalte, quem lhes dê bofetadas no rosto. Para minha vergonha, confesso que fomos fracos demais para isso! Mas, naquilo em que outros têm ousadia — e volto a falar como se fosse louco — também eu a tenho. São hebreus? Eu também! São israelitas? Eu também! São da descendência de Abraão? Eu também! São ministros de Cristo? Falando como se estivesse fora de mim, afirmo que sou ainda mais: em trabalhos, muito mais; em prisões, muito mais; em açoites, sem medida; em perigos de morte, muitas vezes. Cinco vezes recebi dos judeus quarenta açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas. Uma vez fui apedrejado. Três vezes naufraguei. Fiquei uma noite e um dia boiando em alto mar. Em viagens, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de assaltantes, em perigos entre patrícios, em perigos entre gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos; em trabalhos e fadigas, em vigílias, muitas vezes; em fome e sede, em jejuns, muitas vezes; em frio e nudez. Além das coisas exteriores, ainda pesa sobre mim diariamente a preocupação com todas as igrejas. Quem enfraquece, que eu também não enfraqueça? Quem se escandaliza, que eu não fique indignado? Se tenho de me gloriar, vou me gloriar no que diz respeito à minha fraqueza. O Deus e Pai do Senhor Jesus, que é bendito para sempre, sabe que não minto” (2Co 11.3-31). Para Paulo, a vida no Espírito deveria incluir tanto o fruto quanto os dons, simultânea e poderosamente. Para ele e suas igrejas, o Espírito como realidade experiencial e capacitadora era o agende fundamental para toda a vida cristã, do começo ao fim. Ele incluía tudo: poder para a vida, crescimento, fruto, dons, oração, testemunho e as demais coisas. O Espírito precisa ser encarado como a volta da presença pessoal do próprio Deus entre nós, experiencial e capacitadora, que nos dá condições de viver como povo radicalmente escatológico (a vida do futuro) no mundo atual, enquanto esperamos a consumação, “entre os tempos”. Todas as outras coisas, incluindo o fruto e os dons servem a esse fim. O mundo relativista de nossos dias tem semelhanças com a cultura greco-romana na qual o evangelho surgiu. O segredo dos primeiros crentes residiu nas boas-novas centradas na vida, morte e ressurreição de Cristo. O sucesso deles também residiu na experiência com o Espírito, que fez a obra de Cristo uma realidade poderosa naquelas vidas. Que Deus também possa, em nossos dias, encher a sua igreja do seu Espírito, de modo a sermos suas testemunhas, como poder, em todo lugar. Amém!

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